Religião

Padre culpa menina de 10 anos pelos estupros: “Gosta de dar, assuma”

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Padre diz que criança abusada pelo tio “compactuou com tudo” e “gostava” de ser estuprada. Após críticas, religioso pediu desculpas e fechou seus perfis nas redes sociais

O padre Ramiro José Perotto

O padre Ramiro José Perotto, do município de Carlinda (MT), afirmou que a menina de 10 anos que engravidou após ser estuprada pelo tio “compactuou com tudo” e gostava dos abusos.

“Aposto, minha cara. Ela compactuou com tudo e agora é menina inocente. Gosta de dar então assuma as consequências”, escreveu o padre em resposta a uma internauta, que comentou o compartilhamento de uma postagem do religioso em que o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, criticava a interrupção da gravidez da criança.

“Você acredita que a menina é inocente? Acredita em Papai Noel também. Seis anos, por quatro anos, e não disse nada. Claro que estava gostando”, completou Perroto.

O caso repercutiu inicialmente na imprensa de Mato Grosso e o padre foi muito criticado. O religioso divulgou nesta quinta-feira (20) um pedido de desculpas e excluiu seus perfis nas redes sociais.

“Assumo a responsabilidade de ter proferido palavras desagradáveis, e justifico que compartilho da defesa da vida, nunca condenar e tirar julgamentos. Não foi minha intenção proferir palavras de baixo calão, as quais não comungam com minha fé e minha crença na pessoa humana. Àqueles que se sentiram ofendidos, só resta meu pedido de perdão”, escreveu Perroto.

Professora

Nesta quinta-feira, uma professora do ensino básico da rede estadual de São Paulo foi demitida por também tripudiar da violência sexual sofrida pela menina de 10 anos.

Na publicação, a professora diz que a menina “não sofreu nenhum tipo de violência porque já tinha vida sexual há quatro anos com esse homem. Deve ter sido bem paga”. A professora ainda questiona: “crianças se defendem chorando pra mãe, esta menina nunca chorou por quê?.”

“É um absurdo, não dá nem para dizer que é uma professora. Não existe justificativa”, disse secretário de Educação, Rossieli Soares.

“Se a criança não chorou, não falou por quatro anos é porque certamente ela foi reprimida, não entendia. Você imagina o trauma dessa menina com tudo que está acontecendo em sua vida. Isso não é uma professora, isso não representa a classe da educação, não representa os bons, os grandes professores que nós temos na rede”, comentou o secretário.

A menina de 10 anos teve alta médica nesta quarta-feira (19) do hospital onde interrompeu a gestação, no Recife (PE), por ordem da Justiça.

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