Redação Pragmatismo
Mulheres violadas 07/Ago/2020 às 13:21 COMENTÁRIOS
Mulheres violadas

Promotor grita com jornalista para forçá-la a defender armas e toma invertida

Publicado em 07 Ago, 2020 às 13h21

Em debate ao vivo sobre violência contra a mulher, promotor de Justiça exige, aos berros, que jornalista defenda o porte de armas de fogo. A reação da profissional é uma lição de destemor, de dignidade e de jornalismo. Episódio ocorreu na Argentina

Lucila Trujillo jornalista argentina promotor
Lucila Trujillo e Santiago Terán

A jornalista argentina Lucila Trujillo, da TV C5N, foi verbalmente agredida pelo promotor de Justiça Santiago Terán. O episódio ocorreu durante um debate ao vivo sobre violência contra a mulher (vídeo abaixo).

Segundo o jornal Página 12, Santiago Terán é defensor de uma proposta de liberar o porte de armas para as mulheres, com o argumento de que isso as protegeria de possíveis casos de estupro e violência.

Em determinado momento da discussão, o promotor perguntou se a jornalista era casada. Após ela responder que sim, o representante do Ministério Público indagou se ela usaria uma arma caso estivesse sendo atacada pelo seu marido.

A jornalista iniciou sua resposta afirmando que o tema é muito mais complexo do que sugere a questão do promotor. Visivelmente irritado, Terán a interrompeu aos berros: “Tem que escolher entre a sua vida e a vida dele! Ou mata ou vai ao cemitério! É ou sim ou não! Seja honesta consigo mesma! Contra mim você não vai se meter a machinha”.

Após o homem encerrar o ataque de fúria, Lucila finalmente conseguiu falar. “A mulher não precisa carregar uma arma. Eu não sou a favor de carregar armas. Você, como representante da Justiça, a última coisa que poderia fazer diante de uma mulher violentada é perguntar isso. Porque, dessa forma, o que você está fazendo é passar à mulher a responsabilidade de lutar para se defender, lutar ela mesma pela sua vida, e não que é o dever da sociedade e da Justiça proteger essa mulher”.

“Você está me tratando como uma menina e não como uma mulher que apresenta um noticiário, o que é lamentável. Espero que você jamais esteja em um tribunal diante de uma mulher falando da forma como vocês está falando comigo, de uma forma 100% machista”, acrescentou a jornalista.

O episódio repercutiu também no Brasil. “A resposta de Lucila é uma lição de destemor, de dignidade e de jornalismo diante da agressividade machista do promotor. Esse caso é mais um exemplo da disseminação do fascismo e do ódio de autoridades contra as mulheres, não só no Brasil. E também um exemplo da valentia de uma jornalista”, afirmou Moises Mendes, que é jornalista.

Após seu nome figurar entre os assuntos mais comentados do Twitter argentino, Lucina se manifestou na rede social. “Se estando diante das câmeras fiquei com medo e tremi pelo tratamento do promotor Terán, não consigo nem imaginar como uma vítima se sentirá, pedindo ajuda, sentada à sua frente e sozinha. Esta justiça machista e patriarcal também vai acabar. Obrigada por todas as mensagens”.

VÍDEO:

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