Após fake news, simulação de assalto e deserção, Youtuber bolsonarista finalmente é expulso da Polícia Militar. Gabriel Monteiro protestou: "Deus está comigo. Aguardem e verão"
Gabriel Monteiro, também conhecido como ‘Youtuber do MBL’, foi expulso da Polícia Militar do Rio de Janeiro por deserção, conforme decisão publicada no boletim da corporação na terça-feira (4).
Lotado no 34º BPM, em Magé, Gabriel faltou ao serviço para o qual foi escalado no dia 22 de julho deste ano e ficou até o dia 31 sem dar satisfação à corporação, completando uma ausência de mais de oito dias, o que configura crime de deserção previsto no artigo 187 do Código Penal Militar.
A decisão pela expulsão foi do Secretário da PM coronel Rogério Figueredo. Há informações de que a PM tentou encontrá-lo no endereço fornecido à corporação, mas o atual morador do endereço informou que ele não residia no local.
No dia 31 de julho, o youtuber, que responde a mais de 70 faltas disciplinares, encenou um assalto no bairro da Lapa, na capital fluminense ao confrontar ativistas que pediam o fim da militarização das polícias.
“O PM Gabriel Monteiro acabou de mentir pra mim na Lapa disfarçado com uma equipe simulando uma entrevista pedindo o fim da polícia militar. No meio, ele fingiu um assaltou e mandou eu chamar a polícia para poder provar o ponto dele”, denunciou uma manifestante.
Após a expulsão, Monteiro publicou uma mensagem no Twitter: “Não se esqueçam. Deus está comigo contra os corruptos. Aguardem, e verão. Servir e proteger!”
Outros processos
O youtuber já respondia a um processo administrativo disciplinar junto à corporação, desde março deste ano. Uma sindicância interna entendeu que o soldado desrespeitou o ex-comandante geral da PM, coronel Ibis Silva Pereira, em pelo menos duas ocasiões.
Em uma delas, o PM gravou um vídeo na presença do oficial e publicou na internet, sem autorização, afirmando que Ibis foi visto entrando em uma área dominada por uma facção criminosa.
De acordo com o documento que narra a situação, no dia 23 de outubro do ano passado, o soldado se passou por um estudante universitário para conseguir uma conversa com o coronel na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
Na hora marcada, o soldado ligou para o gabinete afirmando que que não conseguia acessar o edifício da Alerj por estar de bermuda e pediu que o coronel descesse para conversar com ele do lado de fora. Sem aviso prévio, o soldado começou a filmar uma entrevista com o coronel e posteriormente publicou o vídeo na internet sem permissão.
Durante a gravação, Monteiro o acusa de ter relações com uma facção criminosa do Rio e pergunta se há ligação entre o PSOL e criminosos. “Ninguém entende como o senhor entra no coração do Comando Vermelho e não é morto, sendo policial militar (…) A rua onde o senhor ia é uma boca de fumo, coronel (…) O senhor é do PSOL, não é? (…) Existe alguma ligação entre o PSOL e a criminalidade da Maré?”, interpela o soldado, sem deixar espaço para respostas.
Após o ocorrido, o ex-comandante entrou na Justiça com uma ação contra o soldado. Ibis foi novamente procurado pelo youtuber no dia 3 de dezembro. Desta vez, o relatório da sindicância narra que o coronel foi abordado na porta do gabinete por Monteiro e outro homem, sen do submetido a uma nova gravação, sem autorização prévia, que também foi divulgada nas redes sociais.
Apoiador declarado do presidente Jair Bolsonaro, Gabriel Monteiro tem 2,29 milhões de inscritos em seu canal no Youtube. Em suas publicações, há ataques contra a esquerda, universidades federais e estudantes.
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