Mulheres violadas

Imigrantes detidas nos EUA tiveram úteros retirados em cirurgias forçadas

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Mulheres detidas em prisões de imigrantes nos EUA foram esterilizadas sem consentimento. Enfermeira diz que as vítimas não entendiam que passariam pelo procedimento. Caso será investigado por autoridades migratórias e por parlamentares

Mulheres em prisão para imigrantes no Texas – foto AFP

Uma denúncia sobre cirurgias irregulares em detentas em um centro para imigrantes clandestinos no estado americano da Geórgia ganhou as manchetes da imprensa dos Estados Unidos nesta quarta-feira (16).

Autoridades migratórias e parlamentares irão investigar o caso. Segundo a denúncia, as mulheres teriam sido submetidas a retiradas completas ou parciais de seus úteros.

Uma enfermeira que trabalhava no local foi quem expôs o caso. Segundo essa denunciante, identificada como Dawn Wooten, um ginecologista fazia histerectomias (retirada do útero por intervenção cirúrgica ) em massa nas detentas. Além disso, o centro, localizado na cidade de Irwin, se recusava a aplicar testes do novo coronavírus nos imigrantes detidos no local.

Wooten relatou que as detentas eram encaminhadas a ginecologistas ao reclamarem de cólicas ou pedirem por métodos contraceptivos. Nem sempre as decisões médicas eram compreendidas pelas mulheres. “Muitas delas disseram que não entendiam o que estava sendo feito com elas. Ninguém explicava”, relatou a enfermeira.

O teor inteiro da denúncia não foi divulgado, mas parlamentares do Partido Democrata tiveram acesso ao documento e também anunciaram uma investigação sobre o caso. A presidente da Câmara, a deputada democrata Nancy Pelosi, repudiou o caso.

“Se for verdade, as condições horríveis descritas na denúncia — incluindo alegações de histerectomias em massa feitas em imigrantes vulneráveis — são uma violação assustadora dos direitos humanos”, disse Pelosi, em nota.

A agência Reuters falou com autoridades migratórias dos EUA na terça-feira, e elas afirmaram que uma agência federal também deverá averiguar o que aconteceu.

A diretora médica do Serviço de Alfândegas e Imigração (ICE) dos EUA, Ada Rivera, negou irregularidades e disse que o centro na Geórgia só fez dois procedimentos do tipo desde 2018, sempre com aprovação após exames.

A empresa privada responsável pelo centro de detenção, LaSalle Corrections, afirmou em nota que “repudia fortemente as denúncias e qualquer suspeita de má conduta” no centro.

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