Jovem mandou mensagem para amigo momentos antes de morrer de Covid-19
Jovem de 19 anos trocou mensagens com amigos momentos antes de morrer vítima de coronavírus. Mãe da vítima conta que tudo aconteceu muito rápido e que diagnóstico positivo só foi confirmado após o óbito
Pouco antes de morrer por conta de complicações decorrentes do coronavírus, o jovem Paulo Henrique de Oliveira Silva, de 19 anos, conversou com amigos pelo celular.
Um dos amigos de Paulo conversava com ele e, de repente, parou de receber mensagens. “No dia mesmo, eu só troquei uma ideia com ele pelo celular e ele parou de responder por volta de 14h50, e também não mandei mais mensagem. Quando eu soube que ele havia morrido instantes depois, quase desmaiei na rua. A ficha não caiu ainda”, relata Vinícius.
Paulo Henrique morreu de insuficiência respiratória no último dia 10, em Jundiaí (SP). O diagnóstico só veio após quatro testes e três dias depois do óbito. Não houve tempo para despedida da família e dos amigos, já que o velório em casos suspeitos ou confirmados de coronavírus não é permitido.
O estudante Wesley Soares Santos, de 17 anos, chegou a conversar com Paulo um dia antes da morte do amigo. “Ele sempre se preocupava comigo. Ele não foi só um amigo, foi meu irmão. Foi um pai também”, disse.
Lucia Oliveira, mãe de Paulo, lamentou a morte do filho. A mulher de 50 anos contou que, após o aparecimento dos sintomas, o jovem precisou fazer quatro testes para descobrir se estava com a doença, mas três deles deram negativo. O resultado do último chegou quatro dias após o óbito, na última segunda-feira (14).
“Ele ficou mal e foi afastado por 15 dias do trabalho. Depois voltou a trabalhar, deu outra crise e teve que fazer o teste de novo. A firma adiantou as férias e ele ficou mais 15 dias”, relata.
De acordo com Lucia, Paulo Henrique estava no apartamento do pai quando passou mal. “Ele foi dar uma volta de skate e, quando voltou, estava muito mal”.
Uma equipe de resgate foi chamada e tentou reanimá-lo durante 40 minutos, mas o jovem não resistiu. Na autópsia foi constatado que ele morreu de insuficiência respiratória.
Segundo Lucia, Paulo Henrique tinha bronquite, anemia e asma. Por ser do grupo de risco, ele sempre usava máscara de proteção ao sair de casa, mas acabou sendo infectado mesmo assim. Nenhuma outra pessoa da família contraiu o coronavírus.
Segundo Lucia, mais de 60 mães entraram em contato com ela para contar que os filhos estavam tristes pela perda. Além disso, pessoas de vários países mandaram mensagens para a família. O jovem iria completar 20 anos em 13 de setembro, três dias após a morte.
A mãe relata que, além de muito ativo na igreja que frequentava, o filho gostava de ajudar as pessoas e tinha o sonho de abrir uma oficina de instalação de som e alarme. “O dom dele era fora do comum. Ele tinha um carisma, meu filho era maravilhoso. Agora está brilhando com Deus.”