Mulheres violadas

PM que estuprou mulher em Copacabana se entrega e alega inocência

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Policial que estuprou produtora no apartamento dela se entrega após repercussão do caso. Em depoimento, o sargento disse que foi à casa da mulher pedir o contato de uma cozinheira que entrega quentinhas. Exame do IML comprovou violência sexual

O sargento Leonardo Lourenço da Silva, réu pelo estupro de uma produtora cultural em Copacabana, se entregou na noite desta terça-feira (1) no 19º Batalhão de Polícia Militar — local onde trabalha. O policial foi encaminhado à Unidade Prisional da PMERJ, em Niterói.

Em depoimento à Corregedoria da PM, Leonardo disse que foi à casa da mulher pedir a ela o contato de uma cozinheira que entrega quentinhas. Um exame do IML comprovou que a mulher foi vítima de violência sexual no dia 24 de agosto.

Na noite da última segunda-feira, a juíza Ana Paula Pena Barros, da Auditoria Militar do Tribunal de Justiça, recebeu a denúncia do Ministério Público contra Lourenço pelo crime de estupro e decretou a prisão preventiva do sargento.

Segundo a denúncia, assinada pelo promotor Paulo Roberto Mello Cunha Jr., o PM “dominou a vítima, valendo-se de sua maior força física, chamando-a de ‘X9’, e tocando o corpo da vítima em várias partes, apalpando seus seios e introduzindo os dedos em sua vagina”.

O crime aconteceu no último dia 24, às 11h. Na ocasião, o sargento deveria estar patrulhando a orla da praia: ele estava escalado no Regime Adicional de Serviço (RAS), o “bico oficial” da PM, em que os agentes trabalham para a corporação em suas folgas. O policial, entretanto, deixou seu posto junto com um colega e foi até o prédio da vítima.

Vídeos de câmera de segurança do prédio mostram quando o policial chegou e saiu do prédio, sempre de cabeça baixa. O outro agente, que o acompanhava, ficou do lado de fora.

“Ele tinha ido até o prédio em outra ocasião, dias antes, por causa de um desentendimento meu com uma vizinha. E voltou no dia 24 dizendo que precisava apurar alguns detalhes. Estava muito frio e chovendo. Eu usava uma blusa, um shortinho de dormir e um roupão. Ele enfiou a mão embaixo da blusa e a outra dentro do short e foi me machucando”, recorda a vítima, de 31 anos.

Lourenço, segundo a investigação, só saiu do apartamento da mulher porque recebeu uma ligação de um oficial supervisor. Ele foi embora às pressas quando recebeu o telefonema do oficial, que queria saber onde ele estava.

A vítima fez exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (lML). O laudo atestou “vestígios de ato libidinoso diverso da conjunção carnal”, por “ação violenta contundente”.

A produtora, vítima de estupro, ainda foi humilhada ao denunciar o caso no Batalhão de Copacabana. “Fizeram pegadinhas para me testar e ver se eu estava mentindo. Toda vez que eu o reconhecia, trocavam de foto. Aquilo para mim foi muito humilhante. Como mulher, você tem que provar que não é prostituta”, desabafou.

Essa não é a primeira anotação na ficha do agente, que está na PM há 20 anos. Em 2015, uma investigação interna da PM concluiu que Lourenço integrava um grupo de agentes do batalhão que “foram observados, fotografados e filmados recebendo vantagem pecuniária para não coibir quaisquer irregularidades” numa boate de Copacabana.

Segundo relatório da investigação, Lourenço e mais dez PMs foram observados recebendo envelopes de funcionários do estabelecimento. Ao final do IPM, os agentes foram submetidos a Conselho de Disciplina, que poderia até expulsá-los da corporação. Em agosto de 2016, no entanto, o sargento foi considerado “capaz de permanecer na ativa”.

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