Thais Alves foi agredida durante 12 anos antes de ser morta pelo ex-marido
Morta na frente dos três filhos, Thais Alves chegou a conseguir medida protetiva na Justiça, que obrigava o ex-marido a ficar longe dela, mas não adiantou
Apenas em julho deste ano, o estado de São Paulo registrou 13 casos de feminicídio — número 160% maior do que no mesmo mês de 2019, quando cinco mulheres foram assassinadas.
Uma das vítimas no mês de julho é Thais Alves, de 32 anos. Ela foi morta a facadas na frente dos três filhos em São Paulo. O caso foi inicialmente registrado como homicídio simples e depois retificado como feminicídio.
O ex-marido de Thais, Odair Elias, só foi preso na última sexta-feira (4/9) em Americana, no interior de São Paulo.
Thais chegou a conseguir medida protetiva na Justiça, que obrigava o ex a ficar longe dela, mas não adiantou. Segundo familiares, logo depois do casamento, 12 anos antes do crime, Odair Elias começou a agredir Thais.
“Há muito tempo atrás ele batia nela, ele parou, porque a família começou a cair em cima. Toda vez ela tentou separar, mas nunca conseguia”, disse a cunhada Liliane.
Depois da última separação, em janeiro deste ano, Thais tentou continuar a vida, mas o ex não deixava. Ela pediu demissão da loja onde trabalhava no Aeroporto de Congonhas, por causa dele.
“Ficava armando emboscada para ela no estacionamento do aeroporto. Armava emboscada nos caminhos que ela vinha. Quando não era no ponto de ônibus, ficava seguindo ela com o carro. E isso foi se agravando até quando chegou a tragédia que aconteceu”, contou a cunhada.
A delegada Jamila Jorge Ferrari, diretora das Delegacias da Defesa da Mulher (DDMs) de São Paulo, disse que apenas Thais, do total de 13 mulheres mortas em feminicídios no estado de São Paulo em julho, tinha medida protetiva.
“A gente sempre reforça a importância de as mulheres denunciarem quando perceberem o menor sinal de violência contra elas. Batemos sempre nessa tecla e não é à toa, esses números reforçam isso. Estamos tentando entender o que ocorreu em julho, foi um ponto fora da curva quando comparamos com os dois meses anteriores, maio e junho, quando registramos queda desses crimes no estado”, explica a delegada.
Entre janeiro e julho deste ano, os feminicídios atingiram a marca de 101 casos, 12% a mais do que os 90 registros feitos no mesmo período de 2019. É o maior número da série histórica, iniciada em 2016, para este período.