AS ELEIÇÕES E OS PROFESSORES
Delmar Bertuol*, Pragmatismo
Político
15 de outubro é o Dia do Professor. Este ano, atípico. Não teremos recreio dez minutos mais longos para uma breve confraternização na sala dos professores. E as lembrancinhas humildes, mas sinceras, da Direção terão que ser guardadas pra quando nos reencontrarmos, sabe-se lá quando. Mas meu maior lamento: não ganharei guloseimas dos alunos, como sóis acontece nesta data. Não me conformo em perder chocolate de graça.
Junto à pandemia, há eleições municipais. Evidente que o tema principal da campanha é justamente ela, a pandemia. Mas, como também é comum ocorrer, todos os candidatos, sem exceção e nem distinção de ideologia ou partido, defendem a Educação. Os argumentos é que variam. Vão desde a valorização docente, passando pelo turno integral, até a privatização do sistema de ensino. Ah, e também, por último, o chamado home school. Quando algo precisa dum estrangeirismo pra ganhar credibilidade, já perde credibilidade comigo. Se bem que, com as crianças agora praticamente em “home school” (me sinto patético escrevendo) não vi nenhum pai defender esse sistema Ad infinitum (vou usar um termo latim do “juridiquês” pra ver se ganho credibilidade).
É justificável a “bandeira da Educação”. Muitos eleitores têm filhos em idade escolar e basta ser um pouco sensato pra deduzir que só com educação de qualidade uma nação (ou uma cidade) prospera. Além disso, claro, os professores são muitos, tanto em nível estadual como municipal. Provavelmente nossos votos e dos nossos familiares mais próximos façam grande diferença para o resultado do pleito.
E é sobre isso que discorro aqui.
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Nós, professores, defendemos obviamente a educação. E dou um carteiraço: somos nós quem mais entendemos dela. Certa vez um colega falou que no Brasil todo mundo é técnico da seleção e educador. Todo mundo tem a melhor escalação pra Copa e a melhor fórmula de melhorar a educação.
Felizmente ou não, o Tite decide quem convoca e cabe aos torcedores só reclamar ou não. No caso da educação, contudo, não acontece assim sempre. Algumas vezes, pessoas despreparadas e sem a menor noção de escola, de sala de aula, de comportamento juvenil, enfim, da educação holisticamente falando, assumem cargos estratégicos nas secretarias de educação e tomam importantes decisões. E os professores, aqueles que estão diariamente com uma sala abarrotada, não são ouvidos.
Legisladores de todas as esferas também. Quantas propostas de leis esdrúxulas e até mesmo desconexas com a legislação maior e pertinente seguido ouvimos que foram propostas por algum vereador ou deputado? E, o pior, com a concordância de parte dos pares.
Por isso, os professores têm um papel importante no que tange ao assunto nestas eleições.
Precisamos analisar as propostas e históricos dos candidatos a prefeitos. Os que concorrem à reeleição de fato valorizaram o educador e a educação? Os partidos pelas quais os candidatos ao cargos majoritários e proporcionais são histórica e realmente engajados com o tema ou não passam de agremiações fisiológicas que só visam ao poder? E a pessoa em que votaremos, quais as suas propostas e seu histórico?
Enfim, que neste ano os professores votem muito consciente de sua responsabilidade com a Educação no seu município, que perpassa, obrigatoriamente, pela sua valorização profissional. Não nos deixemos ser apenas argumentos vazios de santinhos poluentes jogados ao chão.
*Delmar Bertuol é professor de história da rede municipal e
estadual, escritor, autor de “Transbordo, Reminiscências da tua gestação, filha”
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