Estudante negro morre depois de trote violento com ofensas racistas em universidade belga. Jovem foi obrigado a engolir um peixe vivo, entre outras barbaridades. Autores do crime são filhos de juízes e empresários e tentaram acobertar o caso
A morte de um estudante negro que aconteceu em outubro de 2018 foi finalmente esclarecida nesta semana, dois anos após o incidente. Sanda Dia, que cursava engenharia na Universidade Católica de Leuven (Bélgica), morreu após um trote violento. As informações são do The New York Times.
O jovem de 20 anos participou de uma cerimônia de introdução a uma fraternidade. Durante a iniciação, entre outras coisas, exigiu-se que ele ingerisse bebidas alcoólicas e óleo de peixe até vomitar, engolisse um peixe vivo e permanecesse em uma superfície coberta de gelo.
Durante os últimos dois anos, familiares dos envolvidos tentaram abafar o caso, que só veio à tona agora. Os registros da cerimônia foram investigados pela polícia belga e tornados públicos. A causa da morte do jovem, segundo o laudo médico, foi falência múltipla dos órgãos.
Sanda Dia ainda foi alvo de diversas ofensas racistas durante o evento. Uma foto mostra que estudantes responsáveis pela iniciação usavam vestimentas semelhantes às da Ku Klux Klan, organização norte-americana que reúne movimentos de supremacistas brancos.
Mensagens de WhatsApp que foram recuperadas pelas autoridades locais durante a investigação mostram que membros da fraternidade — entre eles, filhos de juízes e empresários — tentaram acobertar pistas da morte do estudante.
O pai de Sanda Dia, Ousmane, lamentou a impunidade dos agressores do filho. “Eles pensaram: ‘ele é só um cara negro, nós somos poderosos e nada pode acontecer conosco'”, desabafou ele, nascido no Senegal.
A fraternidade foi desfeita após a descoberta da morte, mas os 18 integrantes que organizaram a cerimônia são investigados e permanecem em liberdade.
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