Diferente do que divulgaram nesta manhã sites como 'O Antagonista' e 'CNN Brasil', governador da Paraíba não foi alvo da nona fase da Operação Calvário. Informação falsa teria partido de release do próprio MPF. Há suspeitas de tentativa de manipular o processo eleitoral local
Deflagrada na manhã desta terça-feira (27), a nona fase da Operação Calvário cumpriu mandados de busca e apreensão em João Pessoa (PB), Cabedelo (PB), Brasília (DF) e Sergipe.
A ação de hoje apura crimes de lavagem de capitais praticados pelo conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PB), Arthur Cunha Lima, primo do ex-governador e ex-senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).
O governador da Paraíba, João Azevedo, teve o seu nome destacado por alguns veículos de comunicação como um dos alvos da nona fase da Calvário. A informação teria partido de release do próprio Ministério Público Federal (MPF). O texto deixa margens para interpratações.
“Governador da Paraíba é alvo da PF em desdobramento da Calvário”, publicou ‘O Antagonista’. A manchete foi repetida pela ‘CNN Brasil’ e pelo ‘Valor Econômico’, do grupo Globo.
Após a repercussão na imprensa nacional, o delegado da Polícia Federal Conrado de Almeida esclareceu que o governador João Azevêdo não foi um dos alvos da nova etapa da Operação Calvário.
O coordenador do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público da Paraíba (MPPB), promotor Octávio Paulo Neto, também informou que o atual governador não é alvo da ação desta terça-feira.
A principal suspeita é de que a notícia falsa plantada contra João Azevêdo tenha como objetivo a manipulação das eleições municipais deste ano, já que dezenas de candidatos apoiados pelo governador são favoritos para vencer o pleito em diversas cidades da Paraíba, incluindo a capital João Pessoa (PB).
Em nota, o governo da Paraíba lamentou a manipulação da notícia e afirmou que tomará providências jurídicas.
“O Governo da Paraiba e João Azevêdo estão sendo vítimas de mais fake news, coincidentemente às vésperas das eleições. Nem o governador e nem o Governo foram alvos hoje de manhã de qualquer operação da PF e do MPF, como informaram veículos de imprensa, alguns deles localizados na Paraíba e envolvidos nas disputas eleitorais nas cidades paraibanas”, diz trecho da nota divulgada pelo governo.
“Todas as providências jurídicas estão sendo tomadas pela Procuradoria Geral do Estado no sentido de restabelecer a verdade e responsabilizar os que plantaram e divulgaram mais essa fake news contra o Governo da Paraíba”, acrescenta o texto.
Operação Calvário
A Operação Calvário investiga a instalação e o funcionamento de uma organização criminosa liderada pelo ex-governador Ricardo Coutinho (PSB).
O esquema teria começado em 2011 e envolveria a contratação de organizações sociais (OSs) para gerir recursos públicos. De acordo com a investigação, as OSs direcionavam os gastos de hospitais para determinados fornecedores, que, posteriormente, repassavam parte do valor a agentes públicos.
Desde 2019, vários agentes públicos foram presos, entre eles o próprio Ricardo Coutinho, os ex-secretários Livânia Farias, Waldson de Souza e Ivan Burity, a deputada estadual Estela Bezerra e o comunicador Fabiano Gomes.
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