Eleições 2020

Admirador confesso de Hitler, candidato a vereador é expulso do PL

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Professor que se lançou candidato a vereador pelo PL é expulso do partido após pressão das redes. O homem é admirador do nazismo, batizou o filho com o nome Adolf e tem uma suástica desenhada no fundo da piscina de casa

Professor Wander, neonazista confesso, é desligado do PL (divulgação)

Wandercy Antonio Pugliesi, de 58 anos, concorria até esta quinta-feira (8) ao cargo de vereador na cidade de Pomerode, em Santa Catarina, pelo Partido Liberal (PL). Ele foi desligado do partido após pressão de internautas nas redes sociais.

Docente universitário de história, o ‘professor Wander’ tem um longo passado em que publicamente se assume como admirador do nazismo.

Wander virou assunto nacional em dezembro de 2014, quando um policial civil flagrou, de dentro do helicóptero, uma suástica — símbolo nazista — no fundo da piscina da propriedade dele, na zona rural da cidade.

À época, a Polícia Civil disse que o docente não seria enquadrado porque não teria feito nenhum tipo de apologia publicamente.

Depois do episódio, situações mais antigas envolvendo o professor vieram à tona. Em 1998, Wander teve apreendidos pela polícia materiais relacionados ao nazismo, como livros, revistas, fotografias, gravuras do exército alemão, objetos com a suástica e uma camiseta estampada com a imagem de Adolf Hitler, líder do partido alemão.

Na ocasião, ele se declarou “admirador da ideologia nazista”, mas disse que todos os objetos faziam parte de uma coleção pessoal destinada a estudo.

O docente chegou a ser denunciado pelo crime de racismo, mas a ação foi arquivada. Em entrevista para à revista ‘Superinteressante’, o professor declarou ter batizado o próprio filho de Adolf Roders Pugliesi.

“Professor carismático”

No Vale do Itajaí, Wander era um professor carismático e piadista, segundo a ‘Superinteressante’. Ex-alunos se dividem entre a crítica e a idolatria.

“Ele já tinha uma fama. Tu ia preparado para ter aula com uma pessoa meio simpática ao nazismo”, disse a jornalista Melissa Schröder. Em 2008, em Blumenau, ela teve aula de História com o professor no 3º ano do Colégio Energia, uma rede de escolas de ensino médio com foco no vestibular espalhada por várias cidades catarinenses.

“O Wander era o típico professor carismático de cursinho, que te envolve na matéria. Na arte de ser professor, ele era bom. O problema era o conteúdo. Ele vê tudo do ponto de vista nazista e vai te ensinar História. Que adolescente vai questionar?”, afirmou outra ex-aluna.

Segundo os relatos o docente não fazia pregação nazista em sala de aula, mas relativizava o Holocausto, por exemplo, comparando com o número de alemães e russos mortos na 2ª Guerra Mundial. Wander também manifestava posições conservadoras para além do nazismo. Temas como a ditadura militar eram defendidos pelo professor.

Expulsão do PL

O também candidato a vereador em Florianópolis pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol), Camasão, pediu nesta quinta-feira (8) que a Justiça Federal rejeitasse a candidatura de Wander.

“Santa Catarina é o estado brasileiro com o maior número de células neonazistas do Brasil. Também é o Estado que mais baixa conteúdo nazista na Internet. O PL apresentou um candidato abertamente nazista para este pleito. Precisamos cortar esse mal pela raiz!”, disse, em um tuíte.

Instantes depois, o PL se manifestou oficialmente. “Por não compactuar ideologicamente com o filiado, o PL encaminhou o desligamento do mesmo. O partido reforça sua firme posição contra todo tipo de apologia à discriminação racial, religiosa e social”, disse o Diretório Estadual do Partido Liberal em Santa Catarina.

Reportagem do jornal Zero Hora, do dia 30 de julho de 1995, estampou em sua capa uma reportagem com Wandercy em que era considerado como um dos “neonazistas do fim do milênio”.

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