Após os resultados das urnas, Bolsonaro chegou a apagar o pedido de voto feito a Russomanno e Crivella, numa demonstração clara de que o presidente não aceita perder
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus aliados perderam corpo nas eleições de 2020, com resultados abaixo do esperado e diminuição do apelo da chamada “antipolítica”.
Em São Paulo (SP), o candidato Guilherme Boulos (PSol) surgiu como o grande nome da esquerda nestas eleições e vai disputar o segundo turno contra o atual prefeito, Bruno Covas (PSDB).
Apoiado por Bolsonaro, o deputado federal Celso Russomanno (Republicanos) despencou nos últimos dias, conforme pesquisas de intenções de votos, e amargou, nesse domingo (15/11), um dolorido quarto lugar, com pouco mais de 10% dos votos válidos.
Além de Russomanno, quem também contava com o apoio do presidente e ficou de fora foi a Delegada Patrícia – candidata pelo Podemos em Recife.
Convidado para participar de lives do mandatário do país, Bruno Engler (PRTB) também não teve bom desempenho e perdeu a disputa, ainda no 1º turno, para o atual prefeito de Belo Horizonte (MG), e agora reeleito, Alexandre Kalil (PSD).
Outro candidato que amargou uma derrota nas urnas e tinha respaldo do chefe do Executivo era Coronel Menezes (Patriota). Ele concorria à prefeitura de Manaus, mas terminou como 5º mais votado, apenas.
No Rio de Janeiro (RJ), Eduardo Paes (DEM) vai ao segundo turno contra o atual prefeito da cidade, Marcelo Crivella (Republicanos) — o evangélico da IURD é aliado do presidente.
“O que a gente sabe é que Bolsonaro está menor do que quando ele entrou”, avaliou o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marco Teixeira.
Texeira avalia que as eleições de 2020 têm um “grande derrotado”: o Partido Social Liberal (PSL) – antiga sigla do presidente Jair Bolsonaro, que atualmente está sem partido. “Mostra-se que o partido existiu fundamentalmente em torno de Jair Bolsonaro. É um desempenho horroroso para quem tem R$ 200 milhões de fundo partidário”, pondera.
Bolsonaro minimiza apoios
Ao comentar os resultados, Bolsonaro escreveu no Twitter que sua ajuda “a alguns poucos candidatos a prefeito resumiu-se a 4 lives num total de 3 horas”. Ele também pontuou que o apoio de Geraldo Alckmin (PSDB) a João Doria em 2016 não se traduziu em votos para Alckmin nas eleições presidenciais de 2018. O tucano sequer disputou o segundo turno naquele ano.
Ainda, Bolsonaro considerou que a esquerda sofreu uma histórica derrota nessas eleições, “numa clara sinalização de que a onda conservadora chegou em 2018 para ficar”.
“Bolsonaro apagou o pedido de voto feito a Russomanno e Crivella. Isso só demonstra que o presidente não aceita perder. É um presidente que não sabe dar apoio, não é um grande empenhador de voto. Isso é muito ruim para ele”, diz Humberto Dantas, doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo (USP).
Além de Crivella no Rio de Janeiro, o outro aliado de Bolsonaro que disputará o segundo turno é Capitão Wagner (Pros), em Fortaleza (CE). Ele enfrentará José Sarto (PDT), candidato de Ciro Gomes.
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