Mulheres violadas

Caso Gabriela Chermont tem desfecho 24 anos após o crime; empresário é condenado

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Gabriela Chermont foi vítima de feminicídio: jovem morreu em 1996 após ser torturada e jogada da sacada do 12º andar. Ex-namorado Luiz Claudio Sardenberg permaneceu em liberdade e alegou durante todo esse tempo que vítima cometeu suicídio. Julgamento foi adiado por 9 vezes

Gabriela Chermont

Um júri popular formado por 7 pessoas decidiu nesta quinta-feira (12), por unanimidade, que o empresário Luiz Claudio Ferreira Sardenberg assassinou a ex-namorada Gabriela Chermont. O crime aconteceu no ano de 1996, em Vitória (ES).

O julgamento, que começou na terça-feira (10) depois de ter sido adiado por nove vezes, foi concluído 24 anos após o crime. Por volta das 21h40 desta quinta, o juiz André Guasti Motta leu a sentença que condenou o réu a regime fechado e com o cumprimento imediato da pena de 23 anos e três meses de prisão.

“É a lei da ação e reação. Ele está tendo a reação adequada para a ação dele. [A condenação] chegou na hora certa. Finalmente, honrada a memória de Gabriela e que ela descanse em paz. Eu não tive dúvida da condenação, nunca tive”, disse a mãe de Gabriela, Eroteides Regattieri.

A versão da defesa do empresário de que Gabriela cometeu suicídio sempre foi confrontada pela família dela. Durante o julgamento, a acusação manteve a tese de que Luiz Claudio bateu em Gabriela e a jogou do 12º andar do prédio. Ele não aceitava o fim do relacionamento.

“Três dias de muita luta. Conseguimos provar que, realmente, o réu é culpado. Ele matou Gabriela de forma fria, calculista, por motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Provamos que inúmeras lesões foram causadas antes da queda. Sardenberg, antes de matar Gabriela, ele a torturou. Motivo pelo qual o Conselho de Sentença reconheceu que ele bateu e, na sequência, jogou Gabriela”, disse Cristiano Medina, advogado da família de Gabriela.

Sardenberg deixou o Fórum Criminal de Vitória preso. Ele foi levado em uma viatura da Polícia Militar. A defesa do empresário informou que recorrerá da decisão. “Foi um júri de alto nível. A defesa respeita a decisão do plenário, mas evidentemente vai recorrer”, disse o advogado Raphael Câmara na saída do Fórum Criminal.

RELEMBRE

Gabriela Regattieri Chermont morreu após cair do 12º andar de um Apart Hotel em 21 de setembro de 1996. Luiz Cláudio Ferreira Sardenberg, seu ex-namorado, foi acusado de ser o responsável pelo crime. A defesa dele alega que a jovem teria cometido suicídio.

De acordo com informações do processo, Gabriela rompeu o relacionamento com Luiz Cláudio e teria começado a conhecer outro homem. Ao saber disso por meio de amigos, Luiz Cláudio passou a ligar para Gabriela. Os dois combinaram um encontro na noite de 20 de setembro de 1996.

Segundo testemunhas ouvidas, os dois foram a um bar e depois seguiram para o prédio. No apartamento, Gabriela foi brutalmente agredida até ser arrastada e jogada da sacada.

Embora Luiz Cláudio diga que tenha consumido apenas cerveja, um exame toxicológico feito na época revelou que o empresário usou cocaína.

Desde o crime, o empresário aguardava o julgamento em liberdade em função de um habeas corpus que conseguiu no Supremo Tribunal Federal (STF).

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