Barbárie

“Me ajuda”, gritou João Alberto à esposa antes de morrer no Carrefour

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"Milena, me ajuda" foram as últimas palavras de João Alberto. Esposa ainda tentou fazer alguma coisa, mas foi empurrada pelos seguranças. Agressores colocaram a perna no pescoço da vítima

João Alberto

A mulher do homem negro espancado até a morte em um Carrefour de Porto Alegre na noite desta quinta-feira (19) disse que tentou ajudar o marido, mas foi impedida pelos seguranças. A declaração de Milena Borges Alves, de 43 anos, foi dada em entrevista à Rádio Gaúcha, na manhã desta sexta-feira (20). Dois homens foram presos em flagrante.

Milena contou que ela e João Alberto foram ao mercado após passarem o dia fora, com o pai dele. O Carrefour fica a cerca de 600 metros do apartamento do casal, na Vila Iapi. ‘Beto’ queria um pudim de pão e o casal foi ao mercado comprar os ingredientes, além do necessário para o jantar. Compraram beterraba, alface, tomate, ovos, leite, pão e leite condensado. Gastaram cerca de R$ 60.

O casal ficou poucos minutos no interior do estabelecimento escolhendo os produtos. Ao chegar ao caixa, o homem acenou para uma segurança. Para Milena, isto teria desencadeado as agressões.

“A segurança se sentiu ofendida e chamou os colegas. Mas ele sempre foi muito brincalhão”, diz a esposa. Em seguida, outros seguranças passaram a segui-lo enquanto ele estava indo em direção ao estacionamento. Milena ficou no caixa para pagar.

Quando ela se dirigiu ao estacionamento, viu seguranças correndo e passando por ela. Não sabia que estavam atrás de seu marido. Ao chegar à garagem, deparou-se com dois homens imobilizando João Alberto. Àquela altura, eles já o haviam espancado.

“Quando eu fui tentar ajudar o segurança me empurrou e aconteceu essa tragédia. O que fizeram com ele foi absurdo. Colocaram a perna no pescoço dele. A última coisa que ele falou para mim foi: ‘Milena, me ajuda'”

Vídeos que mostram o espancamento e a tentativa de socorristas de salvarem o homem circulam nas redes sociais desde a noite de ontem. As imagens mostram João Alberto recebendo de um dos homens vários socos na região do rosto, enquanto o outro tenta segurá-lo.

Uma mulher que estava usando proteção facial é vista perto deles, assistindo às agressões. Funcionários do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegaram a se deslocar até o local, fizeram massagem cardíaca, mas ele acabou não resistindo.

Em nota, a Brigada Militar informou que prendeu os agressores. Um deles é policial militar e foi levado para um presídio militar. Ele não estava em serviço no momento do assassinato.

Após o caso vir à tona, o Carrefour decidiu romper o contrato com a empresa de segurança e fechará a loja. Em nota, o mercado afirmou que “adotará as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos neste ato criminoso”.

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