“Detratores” do governo Bolsonaro reagem após aparecerem em dossiê que utiliza os mesmos moldes dos realizados pelos órgãos de repressão da ditadura militar
Um grupo de 81 jornalistas e “formadores de opinião” foram separados em três grupos por uma empresa de comunicação contratada pelo governo federal.
O relatório produzido pelo governo Bolsonaro utiliza os mesmos moldes dos que eram realizados pelos órgãos de repressão durante a ditadura militar, especialmente os DEOPS (Departamento Estadual de Ordem Política e Social), espalhados por todas as unidades da Federação.
Nas redes sociais, alguns dos nomes citados já se pronunciaram sobre o dossiê. Guga Chacra, correspondente da Rede Globo em Nova York, comparou a lista a ações de regimes que cerceiam a liberdade de imprensa, como a Arábia Saudita, que teve um jornalista morto em sua embaixada em Istambul, na Turquia.
O jornalista George Marques também comparou a medida ao autoritarismo e, como deboche, colocou “Detrator do Governo Bolsonaro” como título no Twitter.
“Acabo de saber que meu nome foi incluído em um relatório produzido a mando do Ministério da Economia. Segundo a reportagem, estou na lista por ser crítico ao governo, um “detrator”. Minha grande preocupação agora é: em qual lugar do currículo Lattes devo colocar esta honraria?”, debochou o professor Silvio Almeida, também citado na lista.
Vera Magalhães, apresentadora do “Roda Viva”, da TV Cultura, ficou indignada com o relatório, o qual chamou de “servicinho tosco”.
A lista
Entre os classificados como “detratores” estão Guga Chacra, Xico Sá, Hildegard Angel, Cynara Menezes, Carol Pires, Luis Nassif, George Marques, entre outros. Porém, a lista também traz professores universitários e acadêmicos como Silvio Almeida, Laura Carvalho, Jessé Souza, Claudio Ferraz, Sabrina Fernandes, Conrado Hubner, Rodrigo Zeidan, entre outros. Felipe Neto, Nathália Rodrigues e Jones Manoel são os influenciadores considerados contrários.
Roger Rocha Moreira, Milton Neves, Rodrigo Constantino, Guilherme Fiuza, Winston Ling, Camila Abdo, Tomé Abduch são algumas das pessoas consideradas favoráveis ao governo.
Foram classificados como “neutros informativos”: Alex Silva, Altair Alves, Cristiana Lôbo, Malu Gaspar, Marcelo Lins, Monica Bergamo, Ricardo Barboza e Octavio Guedes.