Mulheres violadas

Juiz que tripudiou de violência doméstica humilhou outras mulheres

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Em outras audiências vazadas, juiz que desdenhou da Lei Maria da Penha segue a mesma conduta. Rodrigo de Azevedo Costa se descontrola, faz ameaças, grita e profere comentários racistas. Salário do magistrado é de R$32.004,65

O juiz Rodrigo de Azevedo Costa

Em novas gravações vazadas, o juiz Rodrigo de Azevedo Costa aparece descontrolado e humilhando outras mulheres. O magistrado é o mesmo que ganhou repercussão nacional após tripudiar da Lei Maria da Penha durante uma audiência que envolvia uma mulher vítima de violência doméstica.

Em um dos vídeos, a reclamante do caso é tratada depreciativamente pelo juiz, que a chama de “manhê” e a ameaça com gritos e comentários discriminatórios e até racistas. As informações são do blog ‘Papo de Mãe’, das jornalistas Mariana Kotscho e Roberta Manreza.

“A senhora escolheu um mau pai, a senhora escolheu um cara sem dinheiro. Azar é o seu”, disse Azevedo Costa em um dos vídeos. Em outro, ele questiona o fato de a mãe ter pedido a guarda dos filhos, embora tenha dificuldades em manter sua renda com o salário que recebe: “ganha 1300 e quis ter 2 filhos? Se não tem como cuidar, então dá para adoção, põe num abrigo”.

Em um dos casos, a reclamante não tinha dinheiro para pagar advogados e estava na audiência acompanhada de uma defensora pública; a profissional quase não conseguiu falar e também foi humilhada pelo juiz.

Vinte e três comissões da OAB e o Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres (NUDEM), da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, publicaram notas de repúdio sobre o comportamento do juiz Rodrigo de Azevedo Costa. Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo, o salário bruto de Rodrigo é de R$32.004,65

Confira abaixo algumas das frases ditas pelo juiz durante as audiências (para preservar a identidade das mulheres, elas foram identificadas como ‘B’ e ‘F’):

“Mas ela não quis a a guarda? Então, cabô. Ela quis a guarda e a guarda não é só bônus. E a senhora não ria de mim, a senhora tem que estudar muito para rir de mim”

“Esses dois vão ter que resolver entre si quem vai cuidar do filho. Ou senão dá pra adoção. Se não pode cuidar, põe num abrigo, sei lá, faz uma coisa assim”.

“Não dá pra B. chegar e falar “você tem obrigação de me ajudar”. Não, ele não tem.” (Detalhe : ele é o pai e a guarda é compartilhada)

“Você não quis a guarda, filha? Aceita o ônus dela. Quem tem que se virar para arrumar alguém é a senhora, não necessariamente ele.”

“Eu preciso saber quais dias o pai pode, ele tem um trabalho”

Juiz pede escala de serviço do pai e da mãe e diz: “Sem isso eu não tenho como decidir. Eu não tenho. Porque vai ser jogar o problema da mãe pro pai e isso eu não vou fazer. A mãe não tem com quem deixar. Pai também não tem. Mas quem quis ficar com a guarda foi a mãe, vai ter que pagar esse preço”.

“Tudo bem, o senhor tem que ficar 15 dias com a criança, vai lá e ela larga na porta da sua casa as crianças e o senhor tá no Rio Grande do Norte a trabalho, e aí, como é que a gente faz, mãe?

“Mas pera aí: a senhora ganha 1300 por mês e quis ter dois filhos?”

“A senhora é nova, é bonita, vai arrumar namorado que vai ficar na sua casa com eles (filhos) e o trouxão ainda pagando alimentos e, vacila, pagando mais alimentos ainda e tudo bem”. (observação: o juiz adota o mesmo padrão em outras audiências dizendo que a mulher vai arrumar outro homem e o pai vai ficar pagando pensão. Advogados explicam que a pensão é para as crianças, e independe de outro casamento da mãe)

“Quem tem que se virar com a guarda é a senhora, a guarda é sua”

“Aí, mãe, ele sai do trabalho e não tem alimentos. Ah, vou pedir prisão dele? Não, não vou dar, filha, ele saiu do emprego a pedido seu, inclusive, para ficar 15 dias porque ele não tem com quem deixar.

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