Saúde

“Cidadãos de bem” fazem musical negacionista contra o uso de máscaras

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Juíza Ludmilla, milionário Otávio Fakhouri e policial suspeito de matar a namorada participam de musical contra o uso de máscaras. Vídeo condena as regras sanitárias para combater a pandemia, tem edição profissional e está viralizando em grupos de WhatsApp

Ludmilla, Bilynskyj e Fakhouri

Joaquim de Carvalho, DCM

Um vídeo com edição profissional contra regras sanitárias para combater a pandemia começou a circular a partir de grupos bolsonaristas.

Um coral une negacionistas como o milionário Otávio Fakhouri, a juíza Lumilla Lins Grillo, discípula da Olavo de Carvalho, o policial Paulo Bilynsky (suspeito de matar a namorada), a deputada extremista Bia Kicis e a entidade Pró-Vida.

O alvo deles é o uso de máscara. “Queremos respirar”, diz um trecho da música.

Também ataca o lockdown. “Não ajudou. Nem nos ajudará”, mentem, com imagem de Londres, onde a medida está sendo novamente implementada em razão da elevação do número de casos.

Três mulheres aparecem na praia sem máscara e letra da música registra: “Não seremos enganados”.

Sem citar os medicamentos, defendem a cloroquina e a ivermectina, ao insistirem no tratamento precoce.

O vídeo também ataca o STF. Com imagem da deputada Bia Kicis apontando para a Carta Magna, o coral entoa:

“A Constituição já foi rasgada à força.” E voltam com discurso ameaçador, que levou à prisão extremistas como Sara Winter.

“Somos a voz suprema, aquela que ordena. Sempre fomos da paz, só que paz sem voz é medo. Somos a pátria amada, prontos para a cruzada”.

Em seguida, aparece a juíza Ludmilla, de Minas Gerais, que reforça uma dica para violar a norma sanitária de uso de máscara. No musical, ela tira a máscara, leva uma colher de sorvete à boca e pisca. Com expressão de deboche.

Em live no último sábado, o criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que é preciso ter coragem diante de abusos como este.

Ele defendeu a prisão de autoridades que colocarem a vida dos brasileiros em risco ao pregarem contra as medidas sanitárias.

Na Inglaterra, uma deputada foi presa após admitir que viajou de trem sabidamente infectada.

“Sou advogado e pela primeira vez na vida vou ficar ao lado dos punitivistas. Mais de 200 mil pessoas já morreram, e é preciso ter coragem para enfrentar quem, usando de sua autoridade, faz campanha contra regras sanitárias”, destacou.

Ele defendeu a prisão de Bolsonaro, que não aparece no vídeo, mas faz o discurso que é, em resumo, a mensagem do musical.

O vídeo mostra também mulheres na praia, sem máscaras, que cantam: “Não seremos enganados”.

“Não seremos cativos, privados do sorriso”, afirmam. “Queremos respirar”, bradam, em referência à máscara.

Quem está morrendo sem conseguir respirar são as pessoas infectadas que evoluem para casos graves.

Não há nenhum estudo que comprove que a cloroquina e a ivermectina tenham eficácia contra a doença.

O que esses cidadãos do vídeo fazem é politizar a pandemia. Desprezá-los é muito pouco diante do estrago que causam.