Necessidade de "ambuzar" pacientes com coronavírus no Amazonas mostra o tamanho da tragédia que se abateu sobre o estado. Aos prantos, enfermeira relata que cada profissional consegue ambuzar um paciente por no máximo 20 minutos
Profissionais da área de saúde informaram para a jornalista Monica Bergamo, da Folha de S.Paulo, que os pacientes com coronavírus internados nos hospitais de Manaus (AM) estão sendo “ambuzados”, isto é, recebendo oxigenação de forma manual, já que os respiradores estão sem oxigênio.
Aos prantos, uma enfermeira disse que cada profissional consegue ambuzar um paciente por no máximo 20 minutos, quando tem que ceder lugar a outro profissional, o que torna a rotina de procedimentos “arriscada, insuportável e caótica”.
O ambu é um equipamento que tem como objetivo promover uma ventilação artificial levando ar comprimido ou enriquecido de oxigênio para o paciente em estado emergencial logo após as compressões torácicas, substituindo o boca-boca ou boca-nariz.
Na medicina, o ‘ambu’ é ligado ao balão de oxigênio e deve ser usado por poucos minutos para estabilizar pacientes graves. Neste curto período, o respirador hospitalar precisa ser calibrado para fornecer oxigênio. Como não há oxigênio para alimentar os respiradores no Amazonas, o cenário é desesperador.
Caso seja mantido por horas, a respiração manual através do ‘ambu’ exige fôlego dos profissionais; são 60 bombeadas de ar por minuto. Além disso, o uso do ambu de forma prolongada é extremamente arriscado porque, diferente dos aparelhos mecânicos, não há como prever, por exemplo, se a pessoa vai tossir. Isso faz muita diferença para o organismo debilitado.
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Os profissionais de saúde afirmam que a situação no Amazonas é dramática e muitas pessoas ainda vão morrer já nas próximas horas por falta de assistência.
O pesquisador Jesem Orellan, da Fiocruz Amazônia, afirmou que os leitos de hospital em Manaus se transformaram em câmaras de asfixia, onde as pessoas estão morrendo sufocadas. “Acabou o oxigênio e os hospitais viraram câmaras de asfixia. Os pacientes que conseguirem sobreviver, além de tudo, devem ficar com sequelas cerebrais permanentes”.
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