PM finalmente demite capitão condenado por estuprar netas de 7 e 8 anos em São Paulo. O criminoso cumpre pena em regime domiciliar e continua recebendo aposentadoria de R$ 14,5 mil mensais. Advogados do policial tentaram absolvê-lo com o argumento de que "foi o diabo que colocou isso na cabeça das meninas"
A Polícia Militar de São Paulo demitiu o capitão reformado Antônio Mariano Corrêa, 95 anos, após condenação pelo crime de estupro contra suas netas. O crime ocorreu em 2013, quando as meninas tinham 7 e 8 anos. A demissão foi publicada no Diário Oficial do estado em 31 de dezembro de 2020.
Antônio Corrêa ficou detido no presídio militar Romão Gomes por dois meses. Liberado em novembro de 2019, ele cumpre sua condenação de 17 anos de prisão em regime domiciliar na cidade de Lins (SP).
Apesar da condenação pelo crime hediondo, o capitão reformado recebe seu salário de aposentado, que é de cerca de R$ 14,5 mil em rendimentos brutos, de acordo com o site da transparência do governo paulista. Com a perda da patente, por ato desonroso à instituição, ele deixa de ser um policial reformado. No entanto, é mantido como funcionário público do estado de São Paulo.
A defesa do policial tentou absolvê-lo, em um primeiro momento, alegando não haver provas da autoria e materialidade. Não deu certo. Em juízo, os advogados do capitão disseram que as situações descritas são “mentirosas”, que “foi o diabo que colocou isso na cabeça das meninas” e que “as crianças de hoje não admitem serem repreendidas”.
Em denúncia apresentada em 9 de dezembro de 2015, a promotora de Justiça Ana Carolina Macri Morais Ribas afirmou que Corrêa “praticou atos libidinosos com suas netas” e listou quatro situações que, segundo a Promotoria, ocorreram na chácara do policial em 2013.
O crime
Em agosto de 2013, as crianças ficaram aos cuidados dos avós paternos por uma semana enquanto os pais viajavam de férias. Cerca de um mês depois de as filhas deixarem a chácara, a mãe das meninas, após a família ver na televisão uma notícia sobre a prisão de um estuprador de crianças, falou com as crianças sobre o assunto e perguntou se algo daquilo já havia acontecido com elas.
A irmã mais nova, então, segundo a Promotoria, olhou para a mais velha e disse: “vamos contar para a mamãe”. A partir daí, ambas relataram o que havia acontecido na casa dos avós paternos um mês antes. Depois, na Justiça, as meninas reafirmaram o relato feito para a polícia.
Um estudo psicossocial apontou que as meninas apresentaram relatos pontuais sobre os abusos sofridos, apontando o avô como autor, e destacou que as crianças apresentaram alterações comportamentais e aspectos emocionais “característicos de abuso sexual, como medo, insegurança e ansiedade ao ter que falar sobre o assunto”.
Outro caso
Cerca de quatro anos antes de estuprar as próprias netas, Antônio Mariano Corrêa teria abusado da filha de cinco anos da empregada doméstica que trabalhava em sua casa e morava próximo da chácara do policial. Esse caso, no entanto, nunca foi denunciado oficialmente.
Ao ser interpelado pela doméstica, que ameaçou ir à polícia, o PM afirmou: “Conta tudo, quem vai acreditar em você? Eu sou capitão da PM”. A nora do policial disse que levou a funcionária até a delegacia, mas que ela decidiu não denunciar.
Mariano Corrêa está em prisão domiciliar após decisão do juiz do TJM (Tribunal da Justiça Militar) Luiz Alberto Moro Cavalcante. O magistrado concedeu o benefício “em face da idade avançada e da condição de saúde” do capitão.
O juiz estabeleceu que o capitão não pode manter contato com suas netas, seu filho e sua nora durante o cumprimento da pena em casa. À Justiça, Mariano Corrêa negou os abusos contra as netas, disse que é evangélico e que “tem muito temor a Deus”.
com informações do UOL
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