Vacinação contra Covid-19 em Manaus é suspensa em meio a investigação do MP sobre irregularidade na aplicação das doses. Filhos de empresários, políticos e membros da chamada 'alta sociedade' estão sendo vacinados antes de grupos prioritários
O governo do Amazonas e a prefeitura de Manaus anunciaram a suspensão nesta quinta-feira (21), por 24 horas, da campanha de vacinação dos grupos prioritários contra o novo coronavírus. Apenas profissionais que atuam no Samu continuarão recebendo a Coronavac.
A medida ocorre após o Ministério Público anunciar que abriu uma investigação para apurar casos de integrantes da chamada ‘alta sociedade’ que estão furando a fila da imunização.
Os casos ganharam repercussão nacional após parentes de empresários e políticos locais postarem fotos sendo vacinados.
Uma das principais denúncias sobre irregularidades na vacinação em Manaus envolve as gêmeas milionárias Gabrielle Kirk Lins e Isabbele Kirk Lins, vacinadas no primeiro dia de imunização.
A família das jovens é dona de hospitais e universidades particulares em Manaus, entre outros negócios. As irmãs se formaram há poucos meses em Medicina.
Na quinta-feira, após as denúncias, o prefeito David Almeida disse que iria proibir imagens de pessoas recebendo a vacina. O político justificou que as gêmeas receberam a vacina porque atuam contra a pandemia. No entanto, o Diário Oficial de Manaus mostra que elas foram nomeadas para trabalhar um dia antes do início da vacinação.
Uma outra denúncia que despertou indignação popular envolve David Dallas, filho do ex-deputado Wanderley Dallas (Solidariedade). O jovem foi vacinado um dia depois de ser nomeado gerente de projetos da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus. Ele também seria recém-formado em Medicina.
Além dos dois casos mencionados acima, o Ministério Público afirma que há outras diversas denúncias sendo apuradas.
Reunião
Uma reunião nesta quarta-feira (20) contou com representantes da prefeitura de Manaus, do governo do Amazonas, do Ministério Público Estadual, do Ministério Público Federal, da Defensoria Pública Estadual, da Defensoria Pública da União e do Ministério Público do Trabalho.
Os participantes da reunião concluíram que devem ser priorizados os profissionais mais expostos ao coronavírus e que trabalhem em unidades de referência de média e alta complexidade, que tenham contato direto com pacientes com Covid, considerando também comorbidades e idade.
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