Fernando Collor agora assessora Bolsonaro em questões econômicas. O ex-presidente participou de reunião do presidente com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para falar sobre o reajuste no preço dos combustíveis
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta segunda-feira (08/02) que convidou o ex-presidente Fernando Collor (Pros-AL) para participar de uma reunião do Ministério da Economia e dar sugestões para equacionar o impacto do aumento do preço dos combustíveis.
A declaração de Bolsonaro foi feita durante discurso na cerimônia de inauguração do Portal Participa + Brasil.
“Hoje, estávamos reunidos com a equipe econômica do Paulo Guedes, vendo a questão do impacto desse novo reajuste do combustível, ao qual nós não temos como interferir e não pensamos em interferir na Petrobras, e apareceu o senhor Fernando Collor, ali, para tratar de um outro assunto, em um outro local, convidamos (ele) para a reunião. Ele participou de grande parte da mesma. E nos deu sugestões, sugestões bem-vindas e acolhidas por nós. E dessa forma, vamos governando.”
Collor, além da reunião do governo com a equipe econômica, esteve presente no evento de lançamento do portal Participa + Brasil no Planalto e posou para fotos com o presidente. Ele ficou sentado, durante a cerimônia, ao lado do vice-presidente Hamilton Mourão.
“Pessoal, nesta segunda participei, no Palácio do Planalto, do lançamento do Portal Participa + Brasil. Parabenizo o presidente Bolsonaro e o ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, Luiz Eduardo Ramos, pela iniciativa”, escreveu o senador pelo Twitter.
Relação Bolsonaro-Collor
Essa não é a primeira vez que Bolsonaro faz elogios a Collor. O presidente já afirmou que foi eleito para uma “missão” de governar o país por quatro anos e vai cumpri-la “com galhardia” e citou Collor como inspiração.
Ao falar sobre o ex-presidente, Bolsonaro disse que Collor é um “homem que luta pelo interesse do Brasil e em especial pelo seu estado.”
O “Caçador de Marajás”
Fernando Affonso Collor de Mello foi o 32º Presidente do Brasil, de 1990 até sofrer impeachment em 1992. Após 21 anos (1964-1985) de Ditadura Militar no Brasil, sem eleições diretas no país, em 1989, os brasileiros puderam votar para presidente.
Durante a campanha eleitoral, Collor propôs o combate à inflação e à corrupção, especialmente contra os “marajás”, funcionários públicos que recebiam altos salários. Por isso acabou ganhando o apelido “caçador de marajás“.
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O ex-presidente pôs em prática o “Plano de Reconstrução Nacional”, que basicamente consistia em confiscar as poupanças com o objetivo de conter a inflação no país e fortalecer a nova moeda, que na época era o cruzeiro novo.
A medida trouxe diversos transtornos para o governo e a popularidade de Collor foi diminuindo. Em seguida, foi revelado o esquema de corrupção envolvendo o tesoureiro de sua campanha, Paulo César Farias, conhecido por PC Farias.
Aumento dos preços
Como quase todas as semanas deste ano, a Petrobras anunciou nesta segunda-feira (8) um reajuste no preço dos combustíveis nas refinarias, para as distribuidoras. E vai ser em dose tripla: gasolina, óleo diesel e gás de cozinha, o GLP. Os novos preços valem a partir desta terça-feira (9).
No caso da gasolina, o aumento será de 8%. Com isso, o preço médio do litro do combustível subiu R$ 0,17 e passará a ser de R$ 2,25.
Já o óleo diesel vai aumentar 6% (R$ 0,13 por litro) e passará a custar R$ 2,24.
Além dos combustíveis, os aumentos chegarão desta vez também ao GLP (gás liquefeito de petróleo), o popular gás de cozinha. O reajuste será de 5% (R$ 0,14 por kg), elevando o preço do botijão de 13 kg, mais comum nas residências, para R$ 37,79 – claro, isso para as distribuidoras.
A justificativa da Petrobras para o novo reajuste é a de sempre: alta do dólar e do preço do petróleo no mercado internacional.
“Os preços praticados pela Petrobras têm como referência os preços de paridade de importação e, dessa maneira, acompanham as variações do valor dos produtos no mercado internacional e da taxa de câmbio, para cima e para baixo”, disse em nota a estatal.
O comunicado faz coro ao novo mantra do presidente Jair Bolsonaro, que tem tentado se eximir de responsabilidade no caso do preço dos combustíveis, repassando-a aos estados.
Ana Mendonça, EM e Revista Fórum
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