Estagnado, Brasil não segue ritmo de queda de casos e mortes de Covid-19 no mundo. Jair Bolsonaro transformou o país no maior laboratório a céu aberto da doença
Jamil Chade, em seu blog
Os números de novos casos da covid-19 e de mortes pela doença sofreram pelo mundo uma queda importante na última semana, numa tendência que já tinha sido registrada desde janeiro. Mas os dados para o Brasil revelam que o país não tem conseguido acompanhar o mesmo ritmo, com uma variação apenas marginal no número de mortes e novos casos.
As informações são da Organização Mundial da Saúde (OMS), que publicou seu informe epidemiológico semana e aponta para 2,4 milhões de novos casos no mundo nos últimos sete dias. O número é 11% inferior à semana anterior e metade do que chegou a ser registrado no final de 2020.
A maior queda, porém, está no número de mortes, com 66 mil novos óbitos no mundo na semana. O total é 20% abaixo do que foi registrado na semana anterior. No total, o mundo acumula 110 milhões de casos e 2,4 milhões de mortes, números que são considerados ainda como extremamente elevados pela OMS.
Para a entidade, ainda que a vacina tenha dado resultados em alguns locais, é ainda cedo para dar total crédito à imunização pelos resultados. Na avaliação da OMS, a queda é, acima de tudo, resultado de medidas de confinamento adotadas nos últimos meses. Nesta semana, porém, o chanceler Ernesto Araújo criticou na ONU o conceito de lockdown e a ideia de que sociedades abram mão de suas liberdades, em nome da saúde.
Pela contagem da agência, o Brasil é o segundo maior atingido no mundo no período que inclui a semana passada, com 316 mil novos casos.
Enquanto houve uma queda de 29% no número de novos casos nos EUA, 11% de queda na Rússia, 22% no México e 10% na Índia, o Brasil registrou uma contração de apenas 1% na taxa em comparação à semana passada. Naquele momento, o país tinha registrado um aumento no número de novos casos. Nas Américas, a queda de casos foi de 19% e 23% em mortes.
No que se refere ao número de novas mortes, o Brasil somou 7,2 mil novos óbitos e mais de 10% de todos os mortos no mundo. Nesse caso, o país tampouco consegue acompanhar a queda mundial. A redução no Brasil foi de apenas 2% na semana, em comparação aos sete dias anteriores. Em meados de janeiro de 2021, foram cerca de 6,7 mil vítimas fatais no Brasil por semana. No final do mês, a taxa tinha atingido 6,9 mil.
Em alguns dos outros epicentros da doença no mundo, a queda na taxa de mortes é expressiva. Nos EUA, a redução na semana foi de 31%, contra 22% no México, 28% no Reino Unido Unido ou 16% na Alemanha.
No final da semana passada, o chefe de operações da OMS, Mike Ryan, havia comentado a situação brasileira e indicado que o destino da pandemia no Brasil seria relevante para o mundo.
“O Brasil é uma região muito importante do mundo. O que o Brasil faz importa”, disse. Segundo ele, o país liderou as Américas em situações anteriores de crise sanitária, surtos e tem história científica “orgulhosa”. “Portanto, o que ocorre no Brasil importa. À média que se controle o vírus (no Brasil), isso será um raio de esperança para as Américas e para o resto do mundo”, completou.
A OMS também atualizou a situação das novas variantes do vírus, indicando que a mutação encontrada no Brasil, chamada de P.1, já está presente em 28 países, oito a mais que na semana passada.
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