Jovem pega o microfone em manifestação neonazista convocada pela Juventude Patriota de Madri e vira celebridade instantânea
Kiko Nogueira, DCM
A cadela do fascismo está sempre no cio [1].
Em Madri, uma jovem pegou o microfone no sábado passado em uma manifestação neonazista convocada pela Juventude Patriota e virou celebridade instantânea.
Isabel Peralta, uma reconhecida fascista, desenterrou o antissemitismo mais rasteiro, saído diretamente do “Mein Kampf”.
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“O inimigo será sempre o mesmo, embora com máscaras diferentes: o judeu”, discursou numa praça.
“O judeu é o culpado e a Divisão Azul lutou contra isso. Ser espanhol é uma das poucas coisas sérias que alguém pode ser nesta vida”.
Em seu perfil no Twitter, ela compartilha proclamações dos extremistas da Juventude Falangista da Espanha.
A homofobia é aberta. “Nossa civilização afunda no crepúsculo de um arco-íris nauseante”, escreveu.
Peralta também questiona os cânones da beleza e afirma que a obesidade na mulher é “maravilhosa”, lembrando que Mussolini ensinou às mulheres o valor do esporte.
A marcha de cerca de 300 pessoas pelas ruas de Madri carregava uma faixa em homenagem à Divisão Azul por ocasião do 78º aniversário de Krasny Bor, batalha da Segunda Guerra Mundial na qual participaram voluntários espanhóis sob o comando de Adolf Hitler.
A Federação das Comunidades Judaicas da Espanha (FCJE) pediu ao Ministério Público na segunda-feira que investigue os crimes de ódio, as “graves acusações” e os insultos.
“Inadmissível que essas acusações fiquem impunes”, diz uma nota.
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Enquanto isso, Isabel ganha seguidores nas redes sociais e seus vídeos viralizam.
[1] A frase “A cadela do fascismo está sempre no cio” é de autoria de Bertolt Brecht, filósofo que foi testemunha ocular do fascismo. A frase faz referência ao fato de que o tipo de coisa que dá origem ao fascismo (o medo, a intolerância e a insatisfação com o sistema político, aliada com a ignorância e a sedução por promessas de soluções fáceis para problemas complexos) está sempre presente na sociedade, de modo que sempre há condições de reprodução do fascismo (ele sempre pode nascer, basta que a sociedade se descuide).
Sendo assim, para evitar que o fascismo ressurja ou se desenvolva é necessário impedir que o fascismo tenha sucesso em seu projeto de atrair as pessoas — de modo que a “cadela no cio”, sozinha, não é capaz de gerar o fascismo.
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