Homem é condenado a 23 anos de prisão por deixar a esposa tetraplégica no PR
Homem que deixou esposa tetraplégica no Paraná é condenado a 23 anos de prisão em regime fechado. Apesar do 'alívio' com a condenação, família queria mais. "Ele responderá por anos e ainda poderá ter progressão de regime. Minha irmã responde a uma pena perpétua, sendo prisioneira de uma cama e de um corpo que não consegue se mexer"
Abinoan Santiago, Universa
O tribunal de júri da 1ª Vara Criminal de Londrina, no Paraná, condenou ontem Emerson Henrique de Souza, de 28 anos, por tentar matar a esposa, a auxiliar de enfermagem Cidnéia Aparecida Mariano, de 34. Ela sobreviveu à asfixia praticada pelo então companheiro, em 2019, mas ficou tetraplégica após o crime. A pena fixada foi de 23 anos, quatro meses e 10 dias de prisão em regime fechado.
O resultado do julgamento, que iniciou pela manhã, ocorreu por volta das 21h. A família da vítima esperava pela sentença na área externa do Fórum de Londrina. O júri condenou Emerson em todos os crimes apontados em denúncia apresentada pelo MP (Ministério Público) do Paraná: ameaça, lesão corporal e tentativa de feminicídio, com agravante de motivo torpe e de forma cruel.
Além da tetraplegia, a vítima também não consegue falar. Ela se comunica apenas com o movimento dos olhos e expressões pontuais do rosto. Ao saber da sentença, Cidnéia teria sorrido, segundo a irmã da vítima.
“Recebi o relato de que, quando a minha mãe chegou em casa e mostrou a camisa que mandamos fazer pedindo Justiça e informando da sentença, a Cidnéia sorriu. Elas se abraçaram e se beijaram. Minha irmã estava muito ansiosa, tanto que nem se alimentou durante o dia esperando pela condenação”, contou a irmã, a socióloga Silvana Marinho, de 46 anos.
Para a família, apesar do “alívio” com a condenação, o tempo de pena fixado demonstra ser desproporcional às sequelas que a vítima carregará até o fim da vida.
“A condenação foi um alívio e uma resposta adequada com a legislação. Mas é justa? Não creio dessa forma porque a minha irmã responde a uma pena perpétua, sendo prisioneira de uma cama e de um corpo que não consegue se mexer. Já ele responderá por anos e ainda poderá ter a progressão de regime. O estado deu a resposta, porém com regras desproporcionais”, opina a irmã.
Não aceitava fim do casamento
A tentativa de feminicídio aconteceu em 8 de abril de 2019. Ambos viviam um relacionamento conturbado, de acordo com denúncia do MP do Paraná, o que levou Cidnéia buscar o fim do casamento. A tentativa gerou a revolta do então companheiro. Ele a asfixiou e a deixou em uma estrada rural de Londrina ao imaginar que a vítima estivesse morta.
A asfixia impediu o cérebro de Cidnéia de receber oxigênio, causando a perda total dos movimentos das pernas e dos braços, além de problemas neurológicos que impedem a fala, segundo a família.
Os parentes dizem que além de deixar Cidnéia tetraplégica, Emerson destruiu a família. A vítima tem quatro filhos, hoje possuem idades entre 5 e 18. Eles se dividiram entre casas de parentes.
O MP do Paraná ingressou com denúncia contra Emerson ainda em 2019 pelos crimes de lesão corporal, ameaça e tentativa de feminicídio.