Com base na cesta básica mais cara, o Dieese estimou em R$ 5.495,52 o salário mínimo necessário para as despesas básicas de uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças). É praticamente cinco vezes o valor oficial (R$ 1.100)
Vitor Nuzzi, RBA
Os preços dos alimentos básicos mantiveram sua tendência de alta no primeiro mês do ano, segundo o Dieese. Pela pesquisa divulgada nesta segunda-feira (8), o valor da cesta básica em janeiro aumentou em 13 de 17 capitais. Se considerados os últimos 12 meses, há altas na faixa de 30%, várias vezes acima da inflação.
As principais altas, segundo o Dieese, foram registradas em Florianópolis (5,82%), Belo Horizonte (4,17%) e Vitória (4,05%). O instituto apurou redução em quatro capitais do Nordeste: Natal (-0,94%), João Pessoa (-0,70%), Aracaju (-0,51%) e Fortaleza (-0,37%). O menor preço da cesta foi o de Aracaju (R$ 450,84) e o maior, em São Paulo (R$ 654,15), onde houve aumento de 3,59%.
Salário mínimo
Com base na cesta mais cara, o Dieese estimou em R$ 5.495,52 o salário mínimo necessário para as despesas básicas de uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças). É praticamente cinco vezes o valor oficial (R$ 1.100).
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O tempo médio necessário para adquirir os produtos foi de 111 horas e 46 minutos, menor do que em dezembro (115 horas e 8 minutos). E o trabalhador remunerado pelo piso comprometeu, na média, 54,93% do salário mínimo para comprar os alimentos básicos, ante 56,57% no último mês de 2020.
Produtos mais caros
Entre os produtos, o preço do açúcar aumentou em 15 cidades, com destaque para Florianópolis (12,58%), Campo Grande (11,44%) e João Pessoa (7,19%). “O volume ofertado foi menor por causa da entressafra e da pressão das usinas para segurar a cotação, o que explica a alta no varejo”, diz o Dieese.
A banana (prata e nanica) também subiu em 15 capitais, especialmente em Florianópolis (20,70%), Goiânia (12,50%) e Brasília (11,76%). Já a carne bovina de primeira teve alta em 14 cidades: de 0,17% (João Pessoa) a 6% (Curitiba). A batata, pesquisada em 10 capitais, subiu em nove.
O feijão, por sua vez, aumentou em 12. O carioquinha, pesquisado no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e São Paulo, variou de 2,71% (Goiânia) a 9,16% (Belém). Já o feijão preto, nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, aumentou em todos os locais, principalmente Florianópolis (4,82%), Rio de Janeiro (1,85%) e Vitória (1,85%). “Problemas climáticos acarretaram redução da disponibilidade de feijão e alta nos preços. Parte da oferta de feijão preto foi garantida por grão importado”, informa o Dieese.
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Em 12 meses, a variação da cesta básica vai de 16,73% (Natal) a 33,17% (Florianópolis). No Rio de Janeiro e em São Paulo, o aumento foi próximo (26,99% e 26,40%, respectivamente), enquanto na capital federal somou 27,14%.
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