Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná estão à beira do colapso
Santa Catarina tem fila de espera e registra a maior ocupação de UTIs desde o início da pandemia. No Rio Grande do Sul, hospitais colapsaram: "estamos apavorados". Em Curitiba, pacientes aguardam internação em ambulâncias e tendas
Os governos de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná ligaram o sinal de alerta para o eminente colapso na saúde por conta da avalanche de novos casos graves de Covid-19.
O esgotamento da capacidade do sistema de saúde fez com que os governadores adotassem medidas restritivas. Em Santa Catarina, os hospitais atingiram a maior taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em toda a pandemia: 91,18%.
O governo publicou na noite de quarta (24) um decreto com novas restrições no estado válidas por 15 dias.
➡️ Porém, nenhuma medida será suficiente se a população não colaborar e entender a gravidade do momento. O respeito às regras é o caminho mais curto e seguro para que a normalidade seja restabelecida.
O momento pede força, sacrifício e, principalmente, união de todos.
— Governo de SC (@GovSC) February 26, 2021
André Motta, secretário da Saúde, admitiu que o estado está enfrentando um colapso na saúde e enviou mensagem aos prefeitos catarinenses pedindo medidas mais restritivas para diminuir a circulação de pessoas.
“Preciso informar a todos que a situação da pandemia deteriorou no Estado todo e, a exemplo do que acontece nas regiões mais a Oeste, estamos entrando em colapso! Todos os esforços de Estado e municípios, até então, são insuficientes em face à brutalidade da doença. Infelizmente, percebesse fenômeno similar no resto do país”, disse o secretário de Saúde.
🔴Dos 786 leitos de UTI na rede pública para tratamento de pacientes de Covid-19 em Santa Catarina, 784 estão ocupados, há dois leitos disponíveis e 84 solicitações para a transferência de pacientes.
— Coronavirus Brasil (@CoronavirusBra1) February 25, 2021
No Rio Grande do Sul a situação também é de extrema gravidade. A taxa de ocupação de UTIs alcançou um patamar recorde e o governo acionou o último nível do Plano de Contingência Hospitalar.
O governo do RS ainda solicitou aos hospitais o uso de todos os espaços possíveis para receber pacientes de Covid-19, diante da dificuldade de criar novos leitos de UTI.
É fundamental que as pessoas saibam o que está acontecendo. Nunca vimos um avanço tão acelerado de internações. Não há possibilidade de uma expansão infinita de leitos. Por isso, precisamos respeitar os profissionais da linha de frente.
— Eduardo Leite (@EduardoLeite_) February 25, 2021
Arita Bergmann, secretária da Saúde, apresentou a evolução da ocupação de leitos clínicos e de UTI nas últimas semanas. No dia 24 de janeiro, o RS tinha 2.383 pessoas internadas com Covid-19. Já nesta quinta, o número era de 4.925 pacientes em hospitais, uma alta de 206% em pouco mais de um mês.
“Não haverá leitos, especialmente de UTI, para atender a demanda, que é crescente. Crescente a ponto de nos deixar com uma lista de espera”, explicou. “Estou enxergando o pico do Everest. Estamos apavorados”, acrescenta.
No Paraná, o número de internações de casos suspeitos e confirmados de Covid-19 bateu um novo recorde nesta quinta-feira, com 3.376 pacientes hospitalizados.
“Não é fácil, é uma decisão dura. Serão dias turbulentos, mas as medidas servirão para salvar vidas. Não podemos ter um colapso na saúde”, afirmou o governador Ratinho Junior.
Atenção, paranaenses! ⚠Hoje a partir das 11h, o Governo do Estado vai transmitir ao vivo, no Facebook e Instagram, as novas medidas preventivas contra o coronavírus.#SalvarVidas #ParanaContraCovid pic.twitter.com/4WZGZpzT4Q
— Governo do Estado do Paraná (@governoparana) February 26, 2021
Na capital Curitiba, os hospitais do Trabalhador, Cajuru e Evangélico Mackenzie registraram fila de pacientes à espera de atendimento após os leitos das instituições terem ficado lotados. Os doentes aguardaram dentro de ambulâncias ou até mesmo em tendas do lado de fora das unidades.
Segundo a secretária de Saúde da cidade, Márcia Huçulak, a falta de vagas para o atendimento geral está diretamente relacionada ao aumento no número de casos de Covid-19 no município.
“No pós-carnaval, tem sido uma avalanche de casos de Covid-19 nas UPAs [Unidades de Ponto Atendimento] e com quadros graves. Quando a sociedade se movimenta, aumenta a proliferação e o número de casos, o que demanda mais internação para a doença. E, ao mesmo tempo, aumenta o número de acidentes, de trauma e violência. A gente precisa que a sociedade circule menos”, disse a secretária nesta quinta-feira (25).
Quatro hospitais da capital estão com todos os leitos de UTI SUS adulto exclusivos para Covid-19 lotados.