Agressor do médico José Eduardo Panini se preparava para ir a uma festa
Infectologista foi agredido após sair de reunião que estabeleceu novas medidas restritivas para conter o avanço da pandemia no Paraná. Esposa do médico também levou um soco no rosto. Agressor mora com idosos
O infectologista José Eduardo Panini revelou nesta terça-feira (2) que o seu agressor é um familiar que reside com idosos. O médico registrou um Boletim de Ocorrência na delegacia de Toledo (PR).
A agressão aconteceu após o médico tentar alertar o familiar, que não teve o nome divulgado, a respeito do agravamento da pandemia. A esposa de José Eduardo também acabou agredida com um soco no rosto.
“Ele estava se preparando para ir à bala e fomos tentar falar que era errado, que ele não deveria colocar em risco a saúde de ninguém, e ele já partiu para cima de mim. Até que chegou um amigo dele, que estava no carro o esperando, me segurou no chão, me deu um mata-leão, apertando muito meu pescoço, enquanto esse familiar me agredia. Minha esposa, que também é médica, também foi agredida com um soco”, revelou José Eduardo.
“Eu cheguei em casa depois de passar o dia em reunião justamente vendo que a situação da pandemia tinha piorado muito. Daí veio esse familiar, que mora com idosos, e falou que ia desrespeitar tudo. Fui agredido por tentar alertar sobre a atual situação da pandemia e por uma pessoa que realmente não se solidariza com o que está acontecendo. Dói, mas sinto que estou do lado que zela pela vida”, continuou.
“Já vai fazer um ano que estou trabalhando exaustivamente em relação à pandemia. Pelo que eu fiz até agora, pelo que eu defendi, eu sinceramente acho que estou do lado das pessoas que querem que a pandemia acabe, que tem cuidado pelo próximo. Foi um ano fazendo tanta coisa, realizando tantos protocolos de equipamento de proteção individual, para diminuir a chance de transmissão, de organização de alas, de enfermarias. Está tudo organizado, mas a doença nos venceu e se a gente não souber lidar, vamos perder ainda mais gente. Depende, agora, exclusivamente das pessoas, da consciência delas, dos atos, mais nada”, acrescentou.
“Não queria que a repercussão do caso fosse tão grande, mas diante da situação resolvi falar mesmo. É chata toda a situação, mas penso que depois disso vou ter ainda mais ânimo para trabalhar porque está cheio de pessoas assim e elas precisam entender que estão erradas. Me sinto mais forte ainda para trabalhar na causa e torço para que a gente possa logo sair dessa pandemia”, finalizou.
Médico há sete anos, José Eduardo é formado pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) e infectologista com residência médica no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP. Ele é especialista em infectologia pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e foi professor do curso de medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR) no campus de Toledo.
O Conselho Municipal de Saúde de Toledo condenou, em nota, o ataque ao médico e cobrou que os autores sejam identificados e punidos.
“Salientamos que o Conselho repudia qualquer ato de violência e em se tratando do atual momento da pandemia, a qual (sic) servidores atuam incansavelmente para salvar vidas aqui em Toledo, assim como no mundo todo, atos desse tipo apontam total desrespeito com o próximo e só traz prejuízos a todos os que estão na luta para que isto um dia vire apenas história”, afirmou.