Bia Kicis presidirá CCJ e Aécio Neves Comissão de Relações Exteriores
Bia Kicis é confirmada presidente da CCJ, considerada a Comissão mais importante da Câmara. O tucano Aécio Neves sai da toca e também abocanha uma presidência
Lauriberto Pompeu, CongressoemFoco
A deputada Bia Kicis (PSL-DF) será a presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. A definição aconteceu nesta terça-feira (9) durante reunião entre o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e líderes partidários. A previsão é que a instalação das comissões da Câmara comece nesta quarta-feira (10) e vá até quinta-feira (11).
A indicação para o comando da CCJ coube ao PSL, o maior partido da Casa. A CCJ é a comissão mais importante por analisar a constitucionalidade das iniciativas e por ser parada obrigatória de quase todas as matérias.
A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) ficará com o deputado Aécio Neves (PSDB-MG). É a primeira vez que o tucano assume um posto de destaque desde maio de 2017, quando foi pego no escândalo da JBS.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o senador José Serra e o ex-ministro das Relações Exteriores Aloysio Nunes mobilizaram o PSDB para que lutasse pela presidência da comissão e indicasse Aécio.
O então senador de Minas Gerais perdeu por uma margem apertada as eleições presidenciais de 2014 para Dilma Rousseff (PT). Em 2017, ele foi afastado da presidência da legenda e saiu da condição de principal nome do partido a disputar as eleições presidenciais de 2018 para concorrer a uma vaga de deputado.
A CREDN também era almejada pelo PT e pelo PSL, as duas maiores bancadas da Câmara. O PSL comandou o colegiado em 2019, com Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), e tentou manter o controle em 2021.
Arthur Lira agiu em favor do ex-presidenciável na definição da presidência da e provocou insatisfação no PSL, que queria indicar Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP).
Aécio negociou diretamente com Lira a presidência da comissão. Os dois são próximos e o deputado do PP tem ajudado o mineiro na guerra contra o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Ainda que o partido tenha ficado formalmente no bloco de Baleia Rossi (MDB-SP), Aécio levou muitos votos do PSDB para Lira. O mineiro tem ficado longe dos holofotes desde que foi flagrado no escândalo da JBS, mas nos últimos dias ele tem ensaiado um retorno ao centro do debate político.
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Lira comunicou há duas semanas a deputados do PSL que o comando da comissão seria dado ao mineiro. Integrantes do partido veem nisso uma quebra de acordo já que o presidente da Câmara prometeu em sua campanha respeitar a proporcionalidade. O PSL tem 20 deputados a mais que o PSDB.
Além da CCJ, o PSL também ficará com a Comissão de Meio Ambiente e vai indicar Carla Zambelli (PSL-SP).
A deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO) presidirá a Comissão de Educação, o deputado Doutor Luizinho (PP-RJ) presidirá a de Seguridade Social, Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) ficará com o comando da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle e Carlos Veras (PT-PE) presidirá a de Direitos Humanos. As informações foram confirmadas pelo Congresso em Foco com líderes partidários.
Bia Kicis já havia sido primeira vice-presidente da CCJ. O último presidente foi Felipe Francischini (PSL-PR). Em 2020 não houve atividade de nenhuma comissão por conta da pandemia de covid-19.
A deputada compõe a chamada ala ideológica do governo federal e é uma das aliadas mais fiéis ao presidente Jair Bolsonaro. Dados do Radar do Congresso, plataforma de dados do Congresso em Foco, apontam que Bia acompanhou o governo em 97% das votações nominais da Câmara.
Ela defende em suas redes sociais o uso de medicamentos ineficazes contra o novo coronavírus e é contrária ao uso de máscaras e do isolamento social.
A indicação de Bia para a presidência da CCJ é parte de um acordo com o presidente do PSL, Luciano Bivar (PE). O deputado ficou com a primeira secretaria da Câmara. A combinação definiu ainda que Major Vitor Hugo (GO) ficasse com a liderança do partido na Casa.