Dr. Jairinho tentou liberar corpo de Henry sem passar pelo IML
Padrasto de Henry Borel, vereador Dr. Jairinho tentou usar de sua influência para fazer uma liberação rápida do corpo do menino de 4 anos no Hospital Barra D'Or, sem que o cadáver fosse enviado para o IML para produção de laudo de necropsia
Dr. Jairinho, padrasto do menino Henry Borel, tentou fazer uma liberação rápida do corpo do enteado no Hospital Barra D’Or, na Barra da Tijuca, para evitar que o cadáver passasse por um laudo de necropsia no Instituto Médico Legal (IML). As informações são de Juliana Dal Piva, colunista do UOL.
Três médicas pediatras que atenderam Henry Borel já foram ouvidas pela polícia. Todas relataram que Henry Borel tinha hematomas visíveis pelo corpo. Por isso, o procedimento natural encaminha a necessidade de realização de exame de necropsia no IML.
No entanto, Dr. Jairinho tentou junto à equipe médica e depois com outros funcionários do hospital Barra D’Or fazer uma liberação rápida do corpo. Segundo o UOL, além de mensagens, o vereador realizou diversos telefonemas fazendo o mesmo pedido.
As solicitações foram negadas pela equipe do hospital devido às lesões vistas. O corpo de Henry Borel acabou encaminhado para o IML e o resultado dos exames foi estarrecedor.
O laudo pericial constatou múltiplos hematomas no abdômen e nos membros superiores do menino; infiltração hemorrágica na região frontal do crânio, na região parietal direita e occipital, ou seja, na parte da frente, lateral e posterior da cabeça; edemas no encéfalo; grande quantidade de sangue no abdômen; contusão no rim à direita; trauma com contusão pulmonar; laceração hepática (no fígado); e hemorragia retroperitoneal.
O caso só ganhou repercussão na imprensa após a revelação do exame.
Segundo o advogado do vereador, as solicitações para liberar o corpo rapidamente aconteceram porque “todo mundo tem pressa para enterrar os seus entes queridos”.
“As pessoas querem enterrar os seus, participar de velório, essas coisas todas, então o interesse é acelerar. Tem hora até para funcionar o enterro. Qualquer pessoa vai querer agilizar para que você possa fazer de caixão aberto, entendeu? Somente por isso”, afirmou o advogado André França.
Leniel Borel, pai de Henry, agiu em sentido contrário. O engenheiro registrou um boletim de ocorrência depois de ter recebido orientação da equipe médica responsável pelo atendimento do menino. Na ocasião, ele também pediu um laudo do Instituto Médico Legal (IML).
Outros depoimentos
Até o momento mais de 10 pessoas foram ouvidas. Nesta semana, uma ex-namorada de Jairinho afirmou que ela e a filha foram agredidas pelo político há oito anos, quando os dois mantinham um relacionamento.
A empregada doméstica da casa de Monique Almeida e Dr. Jairinho também foi ouvida. A funcionária apresentou uma versão diferente da que foi dada pela mãe do menino.
O que dizem os peritos
Peritos que já falaram à imprensa afirmam que é muito difícil que a morte da criança tenha ocorrido por conta de uma queda da cama, como defende a mãe.
“A necropsia mostra lesão no crânio, no estômago, no fígado, nos rins e várias equimoses, as populares manchas roxas. É evidente, com as experiências que temos, que se trata de uma morte violenta. Lesões graves assim só são observadas em acidentes de trânsito, onde há muito mais energia. Isso seria impossível em uma queda de cama, por exemplo, por mais alta que a cama fosse. Analisando o laudo, podemos afirmar que a criança foi agredida fortemente”, afirma o perito legista Carlos Durão.
“A lesão está em áreas diversas do corpo. Uma queda não proporcionaria e não há outras lesões. Acho difícil colidir cabeça, fígado, pulmão, rim, abdômen. A não ser que fosse numa queda de grande altura, aí sim você encontraria isso, mas você está relatando que as informações falam em queda em casa, na cama, acho muito improvável”, afirmou Talvane de Moraes, perito legista.
“Essa criança foi espancada de maneira violenta, pelo laudo médico legal a criança tem sinais de violência física severa que atingiu a cabeça, pulmão, abdômen, rompimento de fígado, rim e várias equimoses. É um negócio de uma gravidade muito grande”, disse Nelson Massini, professor titular de Medicina Legal da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).