Anulação das condenações de Lula ganha destaque na imprensa internacional. Para o norte-americano ‘The New York Times’, habeas corpus tem “potencial para remodelar o futuro político do Brasil”. Francês ‘Le Monde’ diz que notícia “é como uma bomba no país”
Alguns dos jornais mais importantes do mundo destacaram, nesta segunda-feira (8), a decisão do ministro Edson Fachin de anular as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da operação Lava Jato.
Segundo o The New York Times, a concessão do habeas corpus que devolve a Lula o direito de buscar a presidência novamente é “uma decisão com potencial para remodelar o futuro político do Brasil”. O diário novaiorquino destaca que o petista é “um acirrado líder de esquerda que liderou o Brasil de 2003 a 2010 e foi o favorito na disputa presidencial de 2018 que acabou sendo vencida por Jair Bolsonaro”.
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Em editorial assinado por Manuel Carvalho, intitulado “O significado da absolvição de Lula”, o diário português Público destaca que, após virem a público as escutas da Vaza Jato, “ficou claro e cristalino que o ex-presidente foi alvo de uma pérfida conspiração da Justiça para o afastar das eleições presidenciais que culminaram com a eleição de Jair Bolsonaro”. Segundo o texto, “o caso de Lula interessa a todos os que, sendo de direita ou de esquerda, sendo defensores ou críticos do ‘lulopetismo’, acreditam que a igualdade dos cidadãos perante a lei é o esteio básico das sociedades democráticas”.
Para o britânico The Guardian, Lula “pode ter uma tentativa de retorno sensacional depois que um juiz da Suprema Corte anulou uma série de condenações criminais contra o ícone esquerdista e restaurou seus direitos políticos”.
“Como uma bomba”
O italiano Corriere della Sera ressalta que, com a sentença de Lula anulada, “agora ele pode se candidatar novamente”.
O francês Le Monde afirma que a decisão de Edson Fachin “é como uma bomba no país”, porque “torna o ex-presidente potencialmente elegível para enfrentar Jair Bolsonaro na eleição presidencial de 2022”. Citando post da deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) no Twitter, o jornal observa ainda que, apesar da decisão, os dirigentes do partido adotaram cautela ante o fato. “Estamos aguardando a análise jurídica da decisão do ministro Fachin, que reconheceu com cinco anos de atraso, que Sergio Moro nunca poderia ter julgado Lula”, escreveu a parlamentar.
A postagem foi citada integralmente pelo jornal.
Los hermanos
Na Argentina, também o conservador La Nación observou que, preso em 2018, Lula foi impedido de concorrer nas eleições daquele ano, foi libertado da prisão no final de 2019 e não pôde se candidatar às eleições devido à sua ficha criminal. “O carismático ex-dirigente sindical é uma figura que divide os brasileiros, mas continua muito popular entre amplos setores pobres do país”, diz o jornal.
Do campo progressista, outro argentino, o Página12, considera que a notícia “abalou o mundo político em Brasília na tarde desta segunda-feira, já que, em hipótese, o líder do Partido dos Trabalhadores poderia concorrer nas eleições presidenciais de 2022 contra o atual presidente de extrema direita Jair Bolsonaro”. O periódico anotou ainda que Edson Fachin é “sabidamente alinhado com as denúncias e processos promovidos pela operação Lava Jato”.
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