Mulheres violadas

Juiz provoca revolta ao sugerir que estuprador se case com a vítima

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Ao avaliar a liberdade sob fiança de um funcionário do governo, Juiz pede que estuprador se case com a vítima na Índia. Caso provocou protestos e pedidos de demissão

Sharad Arvind Bobde, chefe de justiça da Índia (Imagem: PTI)

Mais de cinco mil pessoas pediram, nesta quarta-feira (3), a demissão do presidente do Supremo Tribunal Indiano por ter proposto durante o julgamento de um suposto estuprador que ele se casasse com sua vítima, menor de idade, para evitar a prisão, informaram os defensores dos direitos humanos.

O juiz Sharad Arvind Bobde presidiu na segunda-feira (1º) uma sessão para avaliar a liberdade sob fiança de um funcionário do governo, acusado de ter estuprado uma estudante. Durante a audiência, ele disse: “se você quiser se casar com ela, podemos te ajudar. Se não, perderá seu emprego e irá para a prisão“.

Esta proposta provocou a indignação de defensores dos direitos humanos, que enviaram uma carta aberta pedindo a demissão do juiz, já assinada por mais de 5 mil pessoas, declarou a defensora dos direitos da mulher Vani Subramanian.

Ao sugerir que este estuprador se case com a vítima, você, o juiz mais importante da Índia, quis condená-la a uma vida de estupros, entregando-a ao carrasco que fez com que ela tentasse acabar com a própria vida“, diz a carta.

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As vítimas de agressões sexuais na Índia são frequentemente submetidas a um tratamento degradante e sexista por parte da Justiça e da polícia, que não hesitam em incentivá-las a se casar com seus agressores.

A carta, que pede a demissão do juiz indiano, também lembra que em outra audiência, realizada ainda na segunda-feira, o mesmo magistrado duvidou da denúncia da existência de estupro dentro do casamento.

O marido pode ser um homem brutal talvez, mas podemos classificar como estupro as relações sexuais entre um homem e uma mulher legalmente casados?“, questionou o juiz.

Este comentário [do juiz] não só autoriza qualquer forma de violência sexual, física e psicológica por parte do marido, como também normaliza a tortura que mulheres indianas sofrem há anos dentro do casamento sem nenhum amparo legal“, diz a carta.

O estupro dentro do casamento não é considerado um crime na Índia.

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Até o momento, o juiz não respondeu a carta, nem as manifestações de pedido de sua demissão.

AFP

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