Barbárie

Mãe de Henry Borel diz acreditar que o filho “caiu da cama”

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Polícia libera trechos do depoimento de Monique Almeida e também divulga imagens de Henry Borel com o pai antes de ser entregue para a mãe. Menino não queria voltar para a casa da mãe e não gostava do padrasto, relata pai

Henry Borel e a mãe, Monique

A Polícia Civil divulgou nesta sexta-feira (19/3) trechos do depoimento de Monique Medeiros da Costa e Silva de Almeida, mãe de Henry Borel.

A mulher afirmou acreditar que as lesões apresentadas no laudo de exame de necropsia do seu filho foram provocadas por uma queda do menino da cama, na madrugada do último dia 8 de março.

Monique e o namorado, o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (Solidariedade), disseram que, quando acordaram, por volta de 3h30 da madrugada, o menino já estava “gelado” e com “os olhos virando”. As informações são do jornal O Globo.

Ainda segundo o depoimento, Monique contou que o ex-companheiro, o engenheiro Leniel Borel de Almeida, pegou Henry em sua casa, na Barra da Tijuca, no sábado, dia 6, e o devolveu por volta de 19h de domingo (7/3).

Na ocasião, ela diz que o filho chorava muito e chegou a vomitar. Ela então teria acalmado a criança, a levado a uma padaria e subido para o imóvel onde mora com Jairinho desde novembro do ano passado.

No apartamento, Monique conta ter dado banho no filho e não ter percebido qualquer machucado. O menino também não teria reclamado de nenhum ferimento ou dor.

Logo após, a criança foi levada para a cama da suíte do casal, onde ele costumava dormir. Monique e Jairinho teriam ficado na sala, assistindo televisão. Até 1h50 da madrugada, Henry teria levantado três vezes, sendo levado de volta ao quarto pela mãe.

Monique relatou que foi para o quarto de hóspedes com o namorado de modo a continuar vendo uma série sem que o barulho incomodasse o filho. Logo após, Dr. Jairinho teria adormecido.

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Por volta de 3h30 da madrugada, Monique disse ter levantado e chamado o namorado, que foi ao banheiro. Ao voltar ao quarto do casal, ela diz ter encontrado Henry caído no chão, com mãos e pés gelados, olhos revirados e sem responder ao seu chamado.

As falas de Monique e do vereador Dr. Jairinho foram colhidas na última quarta-feira (17/3) na 16ª Delegacia de Polícia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Depoimento do pai

A polícia também divulgou trechos do depoimento de Leniel Borel de Almeida, pai da criança. O depoimento do homem foi prestado na segunda-feira, 8 de março, dia da morte do menino.

Leniel contou, na ocasião, que “ouvia por diversas vezes do filho que ele não queria voltar para casa e preferia ficar com ele ou a avó materna”.

O pai disse que há cerca de um mês, a criança, de apenas 4 anos, falou que o padrasto o abraçava “muito apertado” e que o menino não gostava. Ainda no depoimento, Leniel afirmou ter conversado com Dr. Jairinho para que não abraçasse mais o garoto daquela forma.

Leniel disse também que o filho chegou a afirmar que não gostava do padrasto. Aos investigadores, porém, o pai de Henry não relatou nada sobre a criança já ter sofrido agressões.

A morte de Henry causou estranheza pela demora nas investigações. O engenheiro Leniel Borel cobra uma apuração imparcial do caso.

Segundo a polícia, a mãe e o vereador Dr. Jairinho só foram ouvidos nove dias depois da morte do menino porque Monique estaria em estado de choque, sob efeito de medicamentos.

Entenda o caso

Henry Borel, de 4 anos, morreu na Barra da Tijuca, no imóvel de luxo do vereador Dr. Jairinho (Solidariedade), padrasto da criança. Às 19h30 de 7 de março, o pai deixou o menino sob os cuidados da mãe e do padrasto.

Leniel, pai de Henry, recebeu um telefonema de Monique às 4h30 da madrugada de 8 de março. A mulher informou que Henry “estava sem respirar” e pediu para que o pai se dirigisse até o Hospital Barra D’Or. O engenheiro foi, então, até a unidade de saúde e encontrou os médicos tentando reanimar a criança.

A mãe e o padrasto contaram no hospital que escutaram um barulho de madrugada e, quando chegaram no quarto de Henry, o menino estava desacordado e sem conseguir respirar. Eles contaram a mesma versão para Leniel, mas a versão apresentada não convenceu o engenheiro.

“O que aconteceu nesse período que deixei meu filho com minha ex-esposa e com o padrasto? Entreguei o menino perfeito”, lembra o pai, emocionado. “No hospital, perguntaram ao Dr. Jairinho, que é médico, se ele fez algum procedimento inicial para salvar o meu filho, mas ele não disse nada”, conta Leniel.

O hospital tratou o caso, a princípio, como parada cardio-respiratória. Mas os médicos logo perceberam que havia algo de errado, pois o menino apresentava muitos machucados pelo corpo.

Leniel, pai da criança, afirma que chora todos os dias. “Eu choro. Acordo de manhã chorando. Tem que ter muita força, cara. E o que eu sei é que esse menino não pode ter morrido em vão. O menino era perfeito. Então, por que que o Henry morreu?”.

Leniel afirma que, desde a morte do filho, não consegue mais entrar em contato com Dr. Jairinho. “Depois do processo lá no hospital, que ele foi embora e até o enterro do meu filho, ele [Dr. Jairinho] botou uma assessora. Eu só falei com a assessora, não falei com o Jairinho”.

“Meu filho era um menino ativo, inteligente, amigo, companheiro, muito divertido, gostava de brincar, brincar com as pessoas. O que poderia acontecer com uma criança dormindo para ter sido um acidente doméstico? Ele era tudo pra mim. Eu daria tudo o que eu tenho hoje por mais um dia com meu filho. Só mais um dia”, lamenta o pai.

Laudo médico

O laudo médico revelou que a criança já deu entrada no hospital sem vida e apresentava lesões gravíssimas por todo o corpo. O documento aponta:

♦ múltiplos hematomas no abdômen e nos membros superiores;
♦ infiltração hemorrágica na região frontal do crânio, na região parietal direita e occipital, ou seja, na parte da frente, lateral e posterior da cabeça;
♦ edemas no encéfalo;
♦ grande quantidade de sangue no abdome;
♦ contusão no rim à direita;
♦ trauma com contusão pulmonar;
♦ laceração hepática (no fígado);
♦ e hemorragia retroperitoneal.

Pelo exame do IML, peritos afirmam que Henry morreu por uma ação violenta e descartam a hipótese de acidente involuntário, como sugerem a mãe e o padrasto.

“Essa criança foi espancada de maneira violenta, pelo laudo médico legal a criança tem sinais de violência física severa que atingiu a cabeça, pulmão, abdômen, rompimento de fígado, rim e várias equimoses. É um negócio de uma gravidade muito grande”, disse Nelson Massini, professor titular de Medicina Legal da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

“Lesões graves assim só são observadas em acidentes de trânsito, onde há muito mais energia. Isso seria impossível em uma queda de cama, por exemplo, por mais alta que a cama fosse. Analisando o laudo, podemos afirmar que a criança foi agredida fortemente”, observa o perito Carlos Durão.

VÍDEO

A polícia divulgou algumas das últimas imagens do menino Henry Borel vivo, registradas no dia 7 de março no espaço de diversão de um shopping. O vídeo mostra o garoto de 4 anos na companhia do pai:

IMAGENS:

Henry com o pai
Henry com o pai (2)
O vereador Dr. Jairinho, padrasto de Henry

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