Redação Pragmatismo
Barbárie 26/Mar/2021 às 14:52 COMENTÁRIOS
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"Minha filha ficava nervosa, chorava e vomitava ao ver Jairinho"

Publicado em 26 Mar, 2021 às 14h52

Menina de 4 anos apresentava os mesmos sintomas que foram detectados em Henry Borel quando o menino tinha que voltar para a casa do vereador. Ex-namorada ainda relata que Dr. Jairinho afundou sua filha na piscina: "Me culpo até hoje"

Henry Borel
Henry Borel

Em depoimento na 16ª DP (Barra da Tijuca), a ex-namorada de Dr. Jairinho (Solidariedade) afirmou que a sua filha ficava nervosa, chorava e até vomitava ao encontrar o vereador. Na época do relacionamento, a menina tinha 4 anos, a mesma idade de Henry Borel.

A menina chegou a contar para a avó materna que também apanhava do parlamentar e que teve a cabeça afundada por ele embaixo da água de uma piscina. Um inquérito foi aberto na Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV) do Centro do Rio para apurar o caso.

De acordo com o depoimento prestado pela mulher, de 31 anos, ela conheceu Jairinho em 2010, na festa de comemoração pela eleição de seu pai, o policial militar e deputado estadual Jairo de Souza Santos, o Coronel Jairo (MDB). Pouco tempo depois do primeiro encontro eles ficaram noivos.

A mulher contou que, em determinado momento, sua filha não queria ficar em sua companhia quando ela estava com Jairinho. A menina chorava e pedia para dormir com a avó materna.

A testemunha disse ainda que, em uma ocasião em que viajou com Dr. Jairinho e a filha, ele lhe ofereceu remédios para dormir, mas ela colocou o comprimido embaixo do travesseiro. Ao chegar na sala do apartamento, disse ter encontrado o vereador segurando pelos braços a criança, que estava assustada. Ela relatou ainda um episódio em que, depois de uma discussão, decidiu voltar para a casa a pé e foi alcançada pelo vereador de carro, que pegou a criança pela cintura e a colocou no veículo.

A ex-namorada de Jairinho procurou por conta própria o pai de Henry Borel após saber da morte do menino pelo noticiário. Ela entrou em contato com o engenheiro Leniel Borel de Almeida por uma rede social. Em mensagens enviadas para Leniel, a mulher afirmou que passou com o vereador “os piores dias” de sua vida e, hoje em dia, não consegue olhar para a filha. “Eu não percebi. Eu me culpo todos os dias”, escreveu.

Henry Borel chorava e vomitava

O menino Henry Borel também chorava, ficava muito nervoso e vomitava toda as vezes que voltava para a casa da mãe, Monique Almeida, e do padrasto, Dr. Jairinho.

A própria mãe admitiu que o menino vomitou e chorou muito ao recebê-lo pela última vez na noite de 7 de março. Segundo Monique, após conseguir acalmar o filho e colocá-lo para dormir, Henry ainda acordou três vezes durante a noite — o que teria impedido a tranquilidade do casal para continuar assistindo a uma série na TV.

Outros depoimentos

Na última semana a polícia também ouviu várias outras testemunhas. As três pediatras que atenderam Henry no Hospital Barra D’Or confirmaram que a criança chegou sem vida na unidade e com lesões aparentes no corpo, como mostrou o laudo de necropsia.

Outra pessoa que prestou depoimento foi a faxineira que trabalhava na casa do casal. Ela limpou o quarto onde Henry morreu antes que a perícia fosse feita. Na delegacia, ela disse que foi avisada naquele dia sobre o que tinha acontecido quando fez a faxina, versão diferente da de Monique e parecida com a de Jairinho.

A mãe do menino afirmou que não contou à funcionária o que tinha ocorrido e, na hora do almoço, falou para ela tirar o dia de folga. Já seu namorado contou que, ao chegar em casa por volta de 10h, ele deparou com Monique, a empregada e uma assessora conversando sobre o que tinha acontecido.

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