Família de Vitor Gurman demonstrou indignação com a sentença: "vergonha desse país". Gabriela Guerrero dirigia uma Land Rover em velocidade muito acima da permitida e promotoria afirma que ela estava alcoolizada
A Justiça de São Paulo condenou nesta terça-feira (2) a nutricionista Gabriela Guerrero Pereira, 38, por atropelar e matar o administrador de empresas Vitor Gurman em São Paulo. O jovem atravessava uma faixa de pedestres quando foi atingido.
Gabriela foi condenada a 3 anos de prestação de serviços comunitários, pagamento de multa de R$ 22 mil a entidades sociais e a ficar 2 anos sem poder dirigir veículo automotor. O crime aconteceu no dia 23 de julho de 2011.
“Ao cabo da instrução processual, restou evidenciada a responsabilidade penal da acusada”, escreveu a juíza Valéria Longobardi, responsável pelo caso.
A magistrada decidiu aplicar a pena alternativa em substituição à prisão por 3 anos em regime aberto. Por esse motivo, a motorista irá cumprir a pena em liberdade. Cabe recurso da decisão.
Gabriela foi condenada pelo crime de homicídio culposo (sem intenção de matar) por ter atropelado Vitor perto da calçada da Rua Natingui, na Vila Madalena. Ela dirigia uma Land Rover/Range Rover.
Câmeras de segurança gravaram os últimos momentos dele, caminhando. A vítima tinha 24 anos e morreu cinco dias depois no hospital.
O Ministério Público afirma que a Gabriela dirigia a uma velocidade incompatível, entre 62 km/h e 92 km/h, sendo que as placas de trânsito na via indicavam que o máximo permitido eram 30 km/h.
A Promotoria diz também que a nutricionista estava sob efeito de álcool. A defesa de Gabriela diz que a nutricionista não estava embriagada e não dirigia em alta velocidade.
O advogado Alexandre Venturini, que representa os interesses da família da vítima e atua no caso como assistente do MP, afirmou que “respeita a decisão da Justiça, mas não concorda com ela”.
“Esta decisão não satisfaz os anseios de Justiça da família de Vitor Gurman. Porque entende-se que a pena é muito baixa diante das circunstâncias que envolveram o crime. Que são o alcoolismo e a alta velocidade. Ou seja: a total irresponsabilidade do ser humano”, falou Venturini.
O entendimento do advogado é de que a nutricionista teria de cumprir pena de privação de liberdade. “Eu creio que deva haver recurso do Ministério Público para que não haja substituição da pena de privação de liberdade pela prestação de serviços a comunidade”.
Para a família de Vitor Gurman a pena foi branda e a sensação que ficou é a de que Gabriela não foi julgada pelo crime que cometeu.
“Entendemos que alguém que bebe, corre, transporta o namorado sem cinto de segurança e mata correu o risco de cometer o crime. Portanto deveria ser julgada por dolo eventual”, disse Nilton Gurman, tio de Vitor. “Ser condenada por pena mínima revolta mais ainda.”
Na opinião de Nilton, a decisão da Justiça reforça a ideia de impunidade. “O Vitor não volta, mais e mais brasileiros serão assassinados por motoristas que acham que o direito de beber, correr, desrespeitar as normas de trânsito e assassinar é aceitável.”.
O administrador de empresas Jairo Gurman, 62, pai de Vitor, lamentou a decisão da Justiça. “Houve um assassinato. Não foi acidente. Vergonha desse país. As leis são fracas, brandas. Houve um assassinato, não foi acidente. É uma grande tristeza, lamentável”, declarou.
Siga-nos no Instagram | Twitter | Facebook