Poder e influência: histórico da família de Dr. Jairinho justifica preocupação de que investigação da morte do menino Henry Borel termine em 'pizza'
Desde que Henry Borel morreu na madrugada de 8 de março, o pai da criança cobra da polícia uma apuração imparcial. A preocupação do engenheiro Leniel Borel com o andamento das investigações é mais do que justificável.
O vereador Dr. Jairinho, 43, padrasto do menino, não é um parlamentar qualquer. Ele ascendeu na política às custas do pai, que já acumulava poder e influência como coronel da Polícia Militar do Rio de Janeiro e deputado estadual sucessivas vezes.
O Coronel Jairo, 71, é um conhecido cacique político na zona oeste do Rio. Acusado de envolvimento com milícias, ele foi um dos dez deputados presos na Operação Furna da Onça por um suposto esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e loteamento de cargos públicos.
Em novembro de 2018, a Furna da Onça, que mirou o esquema de corrupção de Cabral, apontou que deputados recebiam mesada do então governador para votarem a favor do governo na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio).
Na eleição daquele ano, Coronel Jairo foi o primeiro suplente da coligação entre o Solidariedade, seu partido, e o PTB. Contudo, por estar preso não pôde assumir o mandato quando um dos eleitos — Anderson Alexandre, também do Solidariedade — foi para a prisão durante o mandato. Jairo conseguiu um habeas corpus em dezembro de 2019 e está solto.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), Coronel Jairo também tinha influência para nomeações em postos do Detran-RJ situados nos bairros cariocas de Bangu e de Campo Grande. As nomeações feitas pelo parlamentar eram para chefes de unidades, responsáveis pelas vistorias, e para assistentes.
Os funcionários indicados para os postos também atuavam em campanhas políticas do político, garantindo-lhe votações expressivas em suas regiões de influência para nomeações.
Atuação parlamentar de Dr. Jairinho
Seguindo os caminhos do pai, Dr. Jairinho já está em seu 5º mandato consecutivo. Ele foi eleito pela primeira vez em 2004, quando tinha apenas 26 anos.
Apesar de ter sido eleito usando o nome de ‘doutor’, Jairinho nunca exerceu a medicina. O vereador afirmou em depoimento à polícia que não socorreu Henry porque a última vez que fez massagem cardíaca foi em um boneco na faculdade.
Líder do governo Crivella na Câmara, Dr. Jairinho não é tido como um político afeito a confrontos. Contudo, assessores parlamentares que acompanham a rotina da Câmara indicam que ele tem o trabalho criticado por colegas por falta de aprofundamento em matérias importantes.
Jairinho tem por hábito assinar a coautoria de projetos de lei com diversos colegas. Entre as medidas feitas por iniciativa exclusiva dele, estão projetos curiosos, como o tombamento da sede do Céres Futebol Clube — time de Bangu que disputa divisões inferiores do futebol carioca. O presidente da equipe é justamente Coronel Jairo, pai do vereador.
Saiba mais sobre o caso Henry Borel:
— Minha filha ficava nervosa, chorava e vomitava ao ver Jairinho
— Jairinho tentou liberar corpo de Henry Borel sem passar pelo IML