Foragido da Justiça, feminicida foi preso na casa onde estava morando junto a uma nova namorada. Ireno Nelson Pretzel foi reconhecido por uma enfermeira enquanto tomava a vacina contra a Covid-19
Juliana Rabelo, Portal Catarinas
O feminicida confesso da médica Lúcia Regina Gomes Mattos Schultz foi preso no último dia 14 de abril, no município de Arroio dos Ratos, interior do Rio Grande do Sul. Ireno Nelson Pretzel de 65 anos foi detido na casa onde ele estava morando junto a uma nova companheira.
De acordo com o delegado da Polícia Civil de Charqueadas (RS), Marco Schalmes, a companheira de Nelson ficou em choque ao descobrir que ele estava sendo procurado pela justiça por ser autor de um feminicídio. “Ela desconhecia do fato, não acreditou na nossa história, tivemos que acessar a internet e mostrar para ela as notícias sobre o caso”, conta Schalmes.
O impressionante desse caso é a forma como Nelson escolhia a próxima vítima. Da mesma maneira que conheceu a médica através de um site de relacionamento, ele também conheceu a nova namorada por um aplicativo. Durante interrogatório na delegacia, Nelson contou que conheceu a atual companheira pelo Tinder e que estavam morando juntos desde dezembro do ano passado.
A prisão do assassino se dá um ano depois que ele matou enforcada a então companheira, Lúcia Regina Schultz, de 64 anos, dentro da casa de veraneio na cidade de Itapema, litoral de Santa Catarina.
Apesar da prisão em flagrante no dia do assassinato de Lúcia e de confessar o crime, Ireno foi solto pelo juiz da comarca de Itapema, Marcelo Trevisan Tambosi, três meses depois de cometer o feminicídio. O Ministério Público de Santa Catarina recorreu da decisão.
Em setembro do ano passado a justiça acatou o recurso e expediu mandado de prisão, mas Ireno não foi encontrado nos endereços informados. Passou assim a ser considerado fugitivo da justiça.
Diante da fuga, a polícia civil passou a cruzar dados e informações que poderiam levar ao paradeiro de Ireno. De acordo com os policiais, uma enfermeira do posto de saúde de Arroio dos Ratos (RS) reconheceu Ireno enquanto ele recebia a vacina contra o coronavírus. A agente de saúde acionou a polícia da região.
“Todo o trabalho que fizemos é parte de nossa missão. Somos servidores públicos, precisamos investigar e não descartar nenhuma pista. E, se for preciso, refazê-la novamente. Fazer organograma, conversar com parentes, familiares, estar antenado com tecnologia. E não esquecer de se perguntar: será que esqueci algo?”, relata um agente que fez parte da investigação.
A filha da médica morta em março do ano passado, Juliana Mattos, acompanhou a investigação da polícia de perto e manteve contato com os policiais responsáveis pelo caso. Para Juliana, a prisão de Nelson é uma maneira de salvar a vida de outras mulheres que poderiam se tornar vítimas como aconteceu com a mãe. “É um alívio muito grande, ele poderia fazer a mesma coisa com essa nova namorada, querendo ou não, a vida dela foi salva também”.
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