Pedro Bial
Enquanto Bolsonaro foge de entrevistas para veículos de comunicação e jornalistas que não o bajulam, Lula se dispôs a conceder entrevista ao vivo a Pedro Bial, mas apresentador da Globo disse que só faria com polígrafo
O nome de Pedro Bial foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais nesta quinta-feira (15). Em entrevista ao programa Manhattan Connection, da TV Cultura, o apresentador afirmou que só aceitaria entrevistar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com um detector de mentiras.
O apresentador Lucas Mendes perguntou: “Tem algum convidado que não vai no seu programa?” Bial respondeu: “O Lula já até disse que gostaria de fazer o programa comigo, mas tinha que ser ao vivo. Pode até ser ao vivo, mas teria que ter um polígrafo acompanhando todas as falas dele”.
É muito provável que Bial estivesse querendo fazer média com a bancada do Manhattan Connection — programa que tem em Diogo Mainardi a representação máxima do antipetismo. Mas a manifestação do global pegou mal.
Em sua coluna no UOL, o jornalista Maurício Stycer chamou o apresentador de ‘grosseiro’. “Me parece inaceitável a grosseria gratuita que Bial cometeu com Lula. Todo entrevistador está sujeito a ouvir mentiras do seu entrevistado. Para evitar esse problema, ou ao menos atenuá-lo, precisa se preparar bem para a conversa. E também deve ter a disposição para confrontar o entrevistado quando percebe que está ouvindo algo que não é verdade”, observou Stycer.
“Bial não teria dificuldade nenhuma de entrevistar Lula ao vivo e confrontá-lo com eventuais mentiras. A grosseria expressa mais a falta de disposição de fazer a entrevista do que, realmente, temor que o ex-presidente diga alguma mentira. Afinal, não seria a primeira vez que isso ocorreria em seu programa”, acrescentou o jornalista.
Ao comentar a fala do jornalista, o humorista Gregório Duvivier complementou: “Grosseiro é pouco. Sobretudo frouxo. Porque entrevista general com sorriso no rosto”.
O ator José de Abreu, por sua vez, recuperou um clipe antigo de Bial no programa de Jô Soares, em que ele evita caracterizar o golpe militar de 1964 como tal, argumentando que ele pode ser chamado de “contragolpe”.
Já Felipe Neto revelou que recusou convites para ir ao programa de Bial, dizendo que ele “não deveria ter saído do BBB”. “Quando o assunto fica sério, vemos um radical escondido, à lá Alexandre Garcia. Ele chamou Olavo de Carvalho de brilhante!”, lembrou.
Pedro Hosken lembrou que Pedro Bial chamou Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo, de “novo e brilhante pensador da direita”, dizendo que ele é rejeitado pela “elite intelectual tupiniquim”.
Num país em que o atual presidente criminaliza a imprensa diariamente e foge de entrevistas com jornalistas que não o bajulam, soa como retrocesso menosprezar um ex-presidente que lidera as pesquisas eleitorais e está disposto a falar com os mais variados segmentos.