Levantamento mostra que Bolsonaro mentiu diversas vezes durante sua fala na Cúpula do Clima. Joe Biden deixou sala de conferência momentos antes da fala do presidente brasileiro
O discurso do presidente Jair Bolsonaro, na Cúpula do Clima, foi mais moderado do que pronunciamentos anteriores, mas destoa completamente da realidade imposta pelo atual governo.
“O discurso moderado já era esperado porque o presidente está no corner, pressionado pela opinião pública, pela União Europeia, pelo presidente Joe Biden. Não adianta de nada. O Brasil não tem o que mostrar. O mundo não acredita mais no Brasil”, disse Rodrigo Agostinho, coordenador da frente parlamentar ambientalista no Congresso.
“O mundo quer é compromisso real. Biden nem ouviu o discurso do Bolsonaro. Levantou-se antes. A opinião pública americana não quer acordo com o Brasil”, afirmou o ambientalista.
Momentos antes do início da fala de Bolsonaro, o presidente dos Estados Unidos saiu da sala de conferência na Casa Branca e não acompanhou o discurso de Bolsonaro. Joe Biden acompanhou a fala do presidente argentino, Alberto Fernández, que antecedeu o presidente brasileiro.
Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, mentiram ao dizer que o Brasil está reforçando a fiscalização. “Nenhum fiscal foi contratado. Ninguém foi contratado para o setor de licenciamento, para fazer pareceres, autorizar ou não as coisas”, observou Agostinho.
O levantamento de uma agência de checagem apurou as mentiras e contradições do presidente brasileiro. Veja:
“Apesar das limitações orçamentárias do governo, determinei o fortalecimento dos órgãos ambientais duplicando os recursos destinados às ações de fiscalização”
MENTIRA: Divulgado na semana passada, um ofício do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Biodiversidade) aponta que o órgão, ligado ao Ministério do Meio Ambiente e responsável por unidades de conservação federais, enfrenta severas restrições financeiras.
Segundo o documento, a partir de maio as brigadas de incêndio devem ser fechadas e a medida pode prejudicar os trabalhos de prevenção e combate a incêndios florestais.
No Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais), Salles reduziu o poder de multa de fiscais do órgão, o que levou funcionários a denunciarem a paralisação total de autuações por crimes ambientais.
Ele também exonerou as chefias regionais de quatro estados (AM, BA, PB e TO) e nomeou uma advogada com experiência em anular infrações ambientais para a Superintendência do Acre.
O ano passado registrou a menor quantidade de multas por desmatamento ilegal na história.