Bruno, da dupla com Marrone, publica foto ao lado de líder de esquema de pirâmide financeira, alvo de dois mandados de prisão no Brasil. Na legenda da imagem, cantor ainda fez deferência ao criminoso
O cantor sertanejo Bruno, da dupla Bruno & Marrone, publicou uma foto ao lado de Danilo Vunjão Santana Gouveia, também conhecido como Dubaiano, considerado foragido da Justiça do Rio Grande do Sul e da Bahia por chefiar um esquema de pirâmide financeira, nas redes sociais. O investigado leva uma vida de luxo nos Emirados Árabes.
Em uma das imagens , de dois dias atrás, Bruno aparece num iate ao lado de Danilo em Dubai, bebendo um drinque com um dos famosos cartões-postais. “A palavra tem poder, da uma olhada na minha última postagem! Obrigado por tudo, Danilo Dubaiano”, escreveu o cantor, que bloqueou os comentários, após inúmeras críticas.
Em um outro clique, com muita aglomeração, também na embarcação, os dois foram fotografados com a mesma paisagem ao fundo e uma legenda irônica: “Glória a Deus! O resto é inveja”.
As postagens não passaram despercebidas por quem se diz lesado por Danilo e tampouco pelos fãs do cantor, que cobraram um posicionamento, que veio novamente em tom de ironia: “Não é porque eu ando com quem bebe que sou obrigado a andar também”. Muitos internautas não gostaram do tom.
“Belas palavras, Bruno quem não deve não teme, mas é um camarada que deveria estar pagando pelos seus atos, concorda ”, “Minha mãe dizia: ‘Diga-me com quem tu andas e eu te direi quem tu és””, “Bruno, esse covid não está te fazendo bem”, foram alguns dos comentários que sobraram na postagem.
Sobre o golpe
Danilo é investigado, junto a outras 26 pessoas, por comandar a empresa D9 Trader que prometia ganhos de 30% nos investimentos em Bitcoin, mas não passava de uma pirâmide financeira, com os clientes sendo estimulados a trazerem novos investidores.
Segundo as investigações do Ministério Público, a pirâmide lesou clientes no Brasil e no exterior, movimentando quase R$ 500 milhões ilegalmente.
O golpe era realizado por meio de um site, chamado D9, que funcionaria como um jogo de apostas em campeonatos de futebol. Para as autoridades, era um disfarce para a prática da pirâmide financeira.
Para se cadastrar, o cliente tinha que depositar uma quantia, com a promessa de ganhos de 30% do valor investido. Só que esse “lucro” não era resgatado. Quem ganhava o dinheiro eram os que estavam no topo da pirâmide, que iam convidando outras e aplicando os golpes.
Além do golpe financeiro, assassinatos de líderes da empresa são investigados na região. Supostamente, os crimes foram cometidos por vítimas dos golpistas.
Em agosto de 2019, um dos líderes da D9 Trader, Márcio Rodrigues dos Santos, foi assassinado em um posto de gasolina em Balneário Camboriú, Santa Catarina.
Um dos suspeitos do assassinato era Maurício Antônio Pastorio Dalpiaz, também líder da D9 Trader. Dialpiaz, por sua vez, foi morto por um pai e um filho da mesma família que teriam caído no golpe da pirâmide financeira.
Mandados de prisão
Na Bahia, o Ministério Público recebeu inquéritos policiais que tinham sido abertos contra Danilo no Rio, em Pernambuco e em Mato Grosso do Sul. O órgão denunciou também a esposa, que vive com ele em Dubai, o irmão e a cunhada dele. O Supremo Tribunal de Justiça considera tanto Danilo como a esposa como foragidos.
“Danilo fez uma movimentação criminosa através de relacionamentos familiares. Valores volumosos, R$ 38 milhões, R$ 36 milhões, que transitaram em contas bancárias dessas pessoas no período em que o empreendimento buscava seus empreendedores por meio de recrutamento“, afirmou o promotor de Justiça da Bahia Inocêncio de Carvalho Santana.
Já no Rio Grande do Sul, ele foi denunciado por estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O MP estima que o esquema tenha feito milhares de vítimas.
Os crimes foram descobertos em 2017, após denúncias em Sapiranga, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Somente no RS, uma associação reúne cerca de 300 pessoas lesadas.
De acordo com reportagem da TV Record, Danilo Santana, o mentor do esquema, teria lucrado pelo o menos R$ 200 milhões com a pirâmide. Ele fugiu para Dubai antes do esquema estourar e lançou uma duvidosa carreira musical nos Emirados Árabes sob o codinome “Dudu Dubaiano”.
Os ganhos prometidos seriam de sites de apostas esportivas fora do Brasil. Danilo, porém, nega que o esquema fosse pirâmide.
Por enquanto, ele afirma querer focar na carreira musical. Entre seus planos, estão a gravação de um disco e uma turnê pelo Brasil. Ele nega também que tenha ido para Dubai com o objetivo de fugir da Justiça brasileira.
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