Feminicídio com uso de fogo: jovem de 21 anos foi espancada e queimada viva em Santa Catarina. Cunhado da vítima foi preso
Mauriceia Estraich, de 21 anos, foi agredida e queimada viva dentro da própria casa no último domingo (28) na cidade de Descanso, no interior de Santa Catarina. A suspeita é de que o fogo tenha sido provocado propositalmente pelo cunhado da jovem, que já se encontra preso.
Segundo o delegado Cléverson Muller, as chamas foram provocadas por um ato criminoso e não por um acidente. Foram encontradas lesões de agressões físicas pelo corpo de Mauriceia, o que, para a polícia, não é comum em caso de vítimas carbonizadas.
A perícia ainda verificou que a jovem inalou fumaça antes de morrer, o que indica que estava viva quando as chamas começaram. Um laudo que será divulgado nos próximos dias irá detalhar a profundidade das lesões e também revelará se Mauriceia sofreu violência sexual. A investigação trata a morte como feminicídio, com uso de fogo.
“Chamou bastante atenção o fato de a vítima ser alguém jovem, sem limitação física ou mental que a impedisse de sair da residência, que era de madeira. Ela teria condições de deixar o imóvel. No corpo da Mauriceia, havia indícios incomuns em caso de carbonizado. Isso reforçou a nossa tese de que esse incêndio não foi acidental. O laudo ainda vai apontar a origem dessas lesões”, afirmou o delegado.
Convocado a prestar depoimento, o cunhado da vítima tentou fugir para não comparecer à delegacia. Durante o depoimento, ele apresentou diversas contradições e a polícia decidiu prendê-lo. Ele é irmão do namorado de Mauriceia, que não estava na casa durante o crime.
A polícia ainda não divulgou a identidade do suspeito para não atrapalhar o andamento das investigações. Os investigadores também não descobriram a motivação para o crime.
“Esse suspeito esteve na residência antes do horário do início do incêndio. É um fato importante que convenceu a Justiça pelo mandado de prisão temporária. Além disso, dois cachorros da vítima se salvaram, saindo da casa. Com isso, reforça a tese de que em algum momento essa porta foi aberta antes do incêndio. Outro fato é o de que o suspeito sabia que a vítima estava sozinha no imóvel”, disse o delegado.
Filha de bispo católico
Filha do bispo da Igreja Católica da cidade, Muriceia trabalhava há dois meses em uma loja como auxiliar administrativo e se graduou em Administração no início de março.
“Ela tinha o sonho de se formar e ter a própria empresa. Por isso escolheu o curso de Administração. Era sempre alegre e brincalhona, não tinha maldade e era totalmente de Deus, sempre procurando bem para os outros. Ficará marcada no coração de todos da cidade”, disse o pai, o bispo Dom Ermindo Estraich, da Paróquia de Descanso. Mauriceia é filha do bispo de antes de ele ter entrado na vida religiosa. Ermindo tem mais quatro filhos.
Ermindo contou que viu o cunhado da filha com a mão machucada logo após o incêndio. O suspeito teria falado que se feriu ao quebrar o vidro do carro que estava na casa. “Não vi nada com meus próprios olhos, mas o namorado nunca faltou com respeito e ela não relatou nada sobre ele. Agora, com o cunhado, a Mauriceia já havia me falado que teve problemas. Eu pedia para ela se cuidar”.
Mauriceia era conhecida em Descanso (SC) como uma pessoa alegre e que tinha o sonho de se tornar empreendedora.
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