Irmã de Jairinho enviou mensagens a Monique: "Deus tem promessas para a sua vida"
Mensagens recuperadas do celular de Monique mostram diálogo entre ela e a cunhada, irmã caçula do vereador Jairinho, horas após a morte de Henry. Thalita Fernandes foi interlocutora de pelo menos três testemunhas que admitiram mentir nos depoimentos
Mensagens recuperadas no celular de Monique Medeiros da Costa e Silva, que constam no inquérito que apura a morte de seu filho, Henry Borel Medeiros, de 4 anos, mostram a irmã de seu namorado, o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), tentando ‘confortar’ a professora após a morte e o sepultamento do corpo do menino.
A fisioterapeuta Thalita Fernandes Santos, que foi interlocutora de pelo menos três testemunhas que admitiram mentir nos depoimentos e, depois da prisão do casal, mudaram suas versões, envia elogios e frases de apoio a cunhada. As informações são do jornal Extra.
Às 12h41 do dia 8, sete horas após atestada a morte do menino, Thalita enviou a Monique: “Oi, meu amor. Estou aqui orando por você. O que precisar, conte comigo.” Três dias depois, ela continuou: “Cunhada, queria poder te dizer algo que amenizasse a sua dor. Como não posso, quero que saiba que estou aqui para o que der e vier. Te amo.”
Às 12h45 do dia 11 de março, Thalita escreve: “Cunhada… você é uma mulher extraordinária, uma mãe dedicada, fica tranquila! Você será feliz! Deus tem promessas para a sua vida!” No minuto seguinte, pelo mesmo aplicativo de mensagens, Monique responde: “Obrigada.”.
Minutos antes, a professora, afirmando que não “queria presente nenhum”, agradeceu por Jairinho ter pago todas as despesas com o velório e o enterro de Henry, que aconteceram no dia 10, em uma capela e no cemitério do Murundu, ambos em Realengo, na Zona Oeste do Rio. As cerimônias foram organizadas pela secretária do parlamentar.
Thalita é a irmã mais nova de Jairinho e considerada por familiares e amigos próximos seu braço-direito. Ela mora na casa da família, em Bangu, e ajuda organizar as campanhas políticas dele e de seu pai, o policial militar e deputado estadual Jairo de Souza Santos, o Coronel Jairo (MDB), pai de Jairinho.
Em depoimento prestado na 16ª DP (Barra da Tijuca), durante as investigações do caso, Thalita contou conhecer Monique desde novembro, quando Jairinho a apresentou à família como sua namorada.
Ao ser perguntada se Jairinho já fez algum comentário sobre Henry, a moça respondeu que não, mas que Monique revelou ter levado o menino a um acompanhamento psicológico pela dificuldade que ele tinha de aceitar a relação da mãe com o parlamentar. Thalita negou ter visto ou presenciado qualquer comportamento anormal entre a família.
A fisioterapeuta disse ter sido informada da morte do menino pela mãe, quando o vereador a telefonou, por volta de 5h do dia 8 de março, quando estava no Hospital Barra D’Or.
Manipulações
Tanto a babá Thayná de Oliveira, quanto a empregada doméstica Leila Rosângela de Souza Mattos e a estudante Debora Mello Saraiva, ex-namorada de Jairinho, disseram ter tido contato com Thalita após serem intimadas a depor na delegacia.
As três mulheres, após Monique e Jairinho serem presos, retornaram a 16ª DP e alteraram seus depoimentos, acrescentando informações aos primeiros termos de declarações prestados.
Thayná de Oliveira afirmou que Thalita estava entre as pessoas que tinham conhecimento dos episódios de violência contra o menino Henry Borel.
Antes de prestar depoimento na delegacia, a babá admitiu que se encontrou com Thalita e foi ‘orientada’ por ela. A irmã de Jairinho disse que queria ouvir tudo o que a babá sabia. Thayná começou a falar e chegou ao ponto de mencionar as agressões de Jairinho contra Henry. Thalita, então, pediu que a babá parasse e sugeriu que ela não fosse “juíza do caso do irmão” e que “menos era mais” — dando a entender que era perigoso falar tudo o que sabia.