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“Jairinho é uma pessoa maluca, completamente desequilibrada”, diz testemunha

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Testemunhas relatam agressões de Dr. Jairinho a outras crianças. Advogado aponta 'traços de tortura' e polícia passa a tratar vereador e mãe como 'investigados'

Dr. Jairinho

O vereador Dr. Jairinho (Solidariedade) e sua namorada Monique Medeiros agora são tratados como ‘investigados’ no inquérito da morte de Henry Borel. As informações são da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Padrasto e mãe do menino de 4 anos, os dois não compareceram à reconstituição da morte de Henry, realizada na semana passada no apartamento do parlamentar na Barra da Tijuca, zona oeste da capital carioca.

A Polícia criou uma força-tarefa com diferentes áreas e especialidades de investigadores para tentar esclarecer a morte. Os agentes aguardam a conclusão da perícia nos telefones da mãe e do padrasto do menino. Algumas mensagens foram apagadas, obrigando a utilização de uma tecnologia capaz de recuperar esses dados excluídos.

“Pessoa maluca”

Uma das ex-namoradas do vereador afirmou que considera o parlamentar “uma pessoa maluca”. A mulher, que é mãe de uma menina de 13 anos, também denunciou as agressões de Jairinho contra ela e a filha enquanto esteve em um relacionamento com o médico.

“Eu tenho medo porque ele demonstra ser uma pessoa completamente diferente do que ele realmente é. Na verdade, para mim, ele é uma pessoa maluca, um agressor. Uma pessoa completamente desequilibrada e diferente de tudo que ele estava mostrando anteriormente. Ao ponto de, por exemplo, eu chegar da rua, ele está escondido do lado da rua atrás da árvore”, relatou a mulher ao jornalista Roberto Cabrini.

A mulher de 31 anos teve um relacionamento com Jairinho a partir de 2012 depois de conhecê-lo enquanto ela trabalhava em uma campanha política do pai do médico, o ex-PM e ex-deputado estadual Jairo de Souza Santos. Segundo ela, no começo da relação, a ex-mulher do parlamentar chegou a procurá-la para dizer que ainda era casada com o vereador.

A partir disso, a mulher começou a ficar atenta sobre outras mentiras que o homem poderia estar dizendo e conta que, neste momento, o parlamentar “começou a mostrar o lado dele que eu não conhecia. O lado de perseguição, o lado de ciúme”. A mulher relatou episódios de ciúmes do vereador que chegou até a pegá-la pelo pescoço e rasgar sua roupa no meio da rua.

De acordo com a mulher, o parlamentar também agredia a filha dela, com 4 anos à época, com cascudos e afundava a menina embaixo da água “até ela perder a respiração e subia de novo ela [à superfície]”.

“Eu falava que ele tava vindo, “o tio tá vindo pra gente sair”, aí ela passava mal, ela vomitava. Me agarrava. Ou então pedia a minha mãe: posso ficar com você, vó? Eu não quero ir, quero ficar aqui”, conta a mãe da menina.

A ex-namorada disse por que não denunciou nada antes: “Simplesmente por medo. Ele é um homem influente, é um homem com dinheiro. Sempre deixou claro pra mim: eu conheço muita gente, conheço desembargador, juiz”.

A menina, hoje com 13 anos, confirmou na DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima) que era violentamente agredida pelo vereador. O depoimento dela durou cerca de 5 horas e foi acompanhado por um psicólogo.

Traços de tortura

Leonardo Barreto, advogado de Leniel Borel, pai de Henry, disse que o depoimento da adolescente indica um comportamento agressivo de Jairinho com os filhos de ex-namoradas. O advogado denomina as agressões que a menina teria sofrido como uma violência “com traços de tortura e de uma conduta que beira o sadismo”.

Ficou muito claro na minha cabeça que se trata de um comportamento agressivo ao extremo e de uma conduta que beira ao sadismo. Porque ele [Jairinho] tem traços de tortura. O tipo penal registrado na DCAV foi de tortura. O que ele praticou, a princípio, com a menininha foi uma tortura. Foram causadas grandes lesões, de grandes sofrimentos físicos e mentais nessa criança sem que deixasse marca alguma ou resquícios probatórios”, diz Leonardo Barreto

Leniel ainda questionou a versão de Monique Medeiros, mãe de Henry, de acreditar que as lesões encontradas no corpo possam ter sido causadas pela própria criança ao se desequilibrar ou tropeçar no encosto da poltrona do quarto, fazendo com que ele caísse no chão.

“Como eu vou falar para todos os pais que estão aí no Brasil que uma criança cai da cama hoje e pode ser laceração hepática, hemorragia interna. E depois quando eu olho o laudo final do IML [Instituto Médico Legal] tem baço envolvido, a cabeça do meu filho com vários galos. Como é que a gente vai falar para todo o povo brasileiro, pais, que uma queda simples de cama possa acontecer isso?.”

Terceira criança

Além de Henry Borel e da menina que hoje tem 13 anos, Jairinho também teria espancado o filho de uma terceira ex-namorada, de um relacionamento de 2015. “Eu conheci o menino desde a barriga da mãe. Eu convivia com a criança. Eu sabia da alegria da criança e depois da tristeza que a criança ficou. A mudança de comportamento do menino [após conviver com Jairinho] foi muito brusca. Ele passou a ter muito medo. Dormia e do nada acordava gritando”, relatou uma amiga da ex-namorada do vereador.

Em entrevista ao “Fantástico”, da TV Globo, a mulher revelou como passou a desconfiar das atitudes do vereador com o filho de sua amiga. “Percebi que o menino estava com umas manchinhas roxas. Um pouquinho na barriga, um pouquinho na perninha. A segunda vez eu escutei a mãe falar que tinha acordado de madrugada, como se ela tivesse sido dopada de remédio. Ela levantou com as pernas pesadas, e ele (Jairinho) estava dando banho na criança”, disse.

A reação negativa dessas crianças à presença de Jairinho é um ponto em comum com a história de Henry. A polícia já sabe que no domingo, 7 de março, Henry vomitou e chorou quando voltava para o apartamento onde morava com a mãe e o padrasto.

Até o momento o delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), já ouviu 17 pessoas. A polícia aposta nas provas periciais para conseguir concluir o inquérito.

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O laudo médico revelou que Henry Borel já deu entrada no hospital sem vida e apresentava lesões gravíssimas por todo o corpo. O documento aponta:

♦ múltiplos hematomas no abdômen e nos membros superiores;
♦ infiltração hemorrágica na região frontal do crânio, na região parietal direita e occipital, ou seja, na parte da frente, lateral e posterior da cabeça;
♦ edemas no encéfalo;
♦ grande quantidade de sangue no abdome;
♦ contusão no rim à direita;
♦ trauma com contusão pulmonar;
♦ laceração hepática (no fígado);
♦ e hemorragia retroperitoneal.

Pelo exame do IML, peritos afirmam que Henry morreu por uma ação violenta e descartam a hipótese de acidente involuntário, como sugerem a mãe e o padrasto.

“A necropsia mostra lesão no crânio, no estômago, no fígado, nos rins e várias equimoses, as populares manchas roxas. É evidente, com as experiências que temos, que se trata de uma morte violenta”, afirma o perito legista Carlos Durão.

“Lesões graves assim só são observadas em acidentes de trânsito, onde há muito mais energia. Isso seria impossível em uma queda de cama, por exemplo, por mais alta que a cama fosse. Analisando o laudo, podemos afirmar que a criança foi agredida fortemente”, complementa.

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