“Mamãe, vem pra casa, o tio bateu”, disse Henry em videochamada com Monique
Monique estava em salão de beleza a 5 minutos de casa quando soube das agressões contra o filho, mas levou 3 horas para voltar. Cabeleireira prestou depoimento e revelou novos detalhes
Agência Globo
Enquanto Henry Borel Medeiros, de 4 anos, contava para a mãe, durante uma videochamada, que o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (Solidariedade), o havia agredido, a professora Monique Medeiros da Costa e Silva lavava, hidratava e escovava o cabelo e fazia manutenção da unha de acrigel e embelezamento de pés e mãos.
Uma das profissionais que a atendeu e presenciou a ligação com o menino relatou que a criança, chorando, perguntou se ele a atrapalhava, contou da briga com o padrasto e pediu que ela voltasse para casa. Em seguida, Monique teria ligado para Jairinho e, aos berros, o repreendeu por seu comportamento com o filho. Monique e Jairinho estão presos acusados de envolvimento na morte de Henry.
De acordo com o depoimento prestado pela cabeleireira na 16ª DP (Barra da Tijuca) nesta quarta-feira (14), ela disse que chegou ao lavatório do estabelecimento para atender Monique por volta de 16h30 do dia 12 de fevereiro.
A professora fazia uma chamada de vídeo com o menino, que teria perguntado: “Mamãe, eu te atrapalho?” e “Mamãe, o tio disse que eu te atrapalho”. A professora, segundo a cabeleireira, teria respondido que não, de forma alguma, e Henry, “com um choro manhoso”, teria dito: “Mamãe, vem pra casa” e “O tio bateu”.
Monique estava em um salão de beleza em um shopping a cinco minutos do condomínio Majestic. No entanto, apesar de alertada sobre as agressões pela babá e pelo próprio filho, a professora demorou três horas para retornar ao apartamento.
De acordo com o termo de declaração de Thayna, a babá começou a mandar mensagens para Monique narrando em tempo real que Jairinho trancara Henry no quarto, aumentara o volume da televisão e que o menino deixara o cômodo mancando e dizendo ter recebido “chutes” e “bandas” do padrasto, por volta de 16h do dia 12 de fevereiro.
Thayna disse que estava na brinquedoteca do prédio com Henry quando, por volta de 19h, Monique chegou e pediu para que descessem a fim de “darem uma volta” de carro. Ela ainda teria dito: “Nossa, eu vim rápido, ainda borrei minha unha. Me conta, Thayna, o que aconteceu?”. A babá então novamente relatou o que presenciou e conversou com o menino. Durante o relato, o menino, segundo a babá, confirmou com a cabeça que havia sido agredido por Jairinho.
Segundo o que a babá contou na 16ª DP (Barra da Tijuca), a professora subiu ao apartamento e buscou as malas da família, que iria para Mangaratiba por conta do feriado de Carnaval, desceu e deu uma carona para a funcionária. Ela relatou também que, no dia seguinte, ao ver vídeos postados por Monique em seu perfil no Instagram, pôde ver o casal junto e eles aparentavam “estar bem um com o outro, carinhosos, o que, inclusive, lhe causou estranheza”.