Morador promove ataque racista contra porteira: “Macaca! Chimpanzé! Desgraça”
Morador disse ser policial, ameaçou a funcionária do prédio com uma arma e promoveu ofensas racistas: “Grava, macaca! Chimpanzé! Chipanga! Me encara, desgraça”
Um homem ameaçou e fez ofensas racistas contra uma porteira de um prédio residencial do Jardim Goiás, em Goiânia (GO), neste domingo (18). Segundo a vítima, o homem, identificado como Vinícius Pereira da Silva, é morador do prédio e alegou ser policial.
Em uma gravação, feita pela própria vítima, divulgada pelo G1, o homem aparece disparando as ofensas. Mesmo com a câmera do celular ligada, Vinícius Pereira não se intimida e xinga a mulher de “macaca”. “Grava, macaca. Chimpanzé. Chipanga. Me encara, desgraça”, esbraveja.
De acordo com a porteira, que preferiu não ter a identidade divulgada, a discussão começou porque o morador chegou de carro em frente ao portão da garagem e piscou os faróis, querendo entrar sem se identificar.
A funcionária, por sua vez, explicou que não poderia abrir para qualquer um que fizesse um sinal e que precisava que o homem se identificasse. Segundo o G1, isso teria irritado o morador.
Após as ofensas racistas, o homem subiu ao apartamento onde mora. Em seguida, ligou na portaria e continuou com a discussão. A porteira relatou ao G1 que perguntava a todo momento o motivo de estar sendo ofendida, mas Vinícius Pereira continuava com as injúrias raciais.
“Porque você não presta, desgraça. Você é uma merda, abaixo de zero”, teria dito ele.
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Por fim, o homem ameaçou a porteira, dizendo ser policial e que iria descer armado. “Vou meter minha arma na cintura e vou aí resolver”.
“Eu fiquei com muito medo e decidi gravar para realmente registrar que eu estava sendo ofendida, porque, se eu precisasse provar, eu teria um respaldo. Só consegui filmar no finalzinho, porque ele já estava me xingando bem antes. Foi só no final que eu consegui filmar. Eu estava muito nervosa e não conseguia colocar no vídeo”, conta a funcionária do prédio.
Segundo o síndico do prédio, Anderson Schneider, a porteira cumpriu os procedimentos de segurança recomendados pelo edifício e, mesmo assim, foi desacatada pelo morador.
“Ele tentou acessar o portão do estacionamento sem o controle, sem o dispositivo, simplesmente piscou o farol e a porteira não abriu, que é o procedimento correto”, diz ele.
Insistente, o morador tentou várias vezes, piscando os faróis do carro, e a porteira não cedeu. O correto seria que ele se identificasse, pelo menos. Ele ligou na portaria e a funcionária pediu que ele se identificasse por telefone. “Ele não quis e já começou a xingá-la”, conta Anderson.
Agressor não é encontrado
O caso foi registrado no 8º Distrito da Polícia Civil, em Goiânia e será investigado pelo delegado Gil Fonseca Bathaus.
Agentes da Polícia Civil de Goiás estiveram no prédio e não encontraram o homem que aparece nas imagens, identificado como Vinícius Pereira da Silva, para conduzi-lo à delegacia e colher depoimento. A intimação foi deixada com uma funcionária do morador e solicita que ele vá à delegacia para depor na manhã desta terça-feira (20/4).
A corporação informou que ainda não levantou se o morador realmente é um policial, conforme se identificou à porteira. O nome do agressor também não consta na lista de pagamentos da policia civil de Goiás.
Porteira convive com o medo
Ao G1, a porteira disse que teve medo do morador e que espera que as denúncias façam efeito e mostrem às pessoas que elas não podem tratar funcionários da forma como ela foi tratada por aquele morador.
“Sei que muitas pessoas passam por isso e, às vezes, fica por isso mesmo, até continuam trabalhando no mesmo lugar, sofrendo ofensas e ameaças, mas eu espero que todo mundo que passou ou venha a passar por isso consiga denunciar, porque só assim a gente vai conseguir que essas pessoas nos respeitem e nos tratem como seres humanos”
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A coordenadora do Movimento Negro Unificado, Iêda Leal, disse que deve atuar no caso para lutar por justiça pela vítima.
“Vamos tomar nossas providências. Enquanto Movimento Negro Unificado, vamos entrar com queixa criminal reportando esse caso. […] Ele (autor) tem que ser retirado de circulação. Quando ele se refere a ela dessa forma, ele se refere a nós. Estamos ofendidos e vamos querer justiça“, pontuou.
Yahoo e Metrópoles