Novos vídeos mostram briga que causou morte de porteiro em condomínio no Rio
"Eu não queria que nada disso tivesse acontecido. Meu mundo desabou". Entregador se diz chocado com a morte e afirma que o porteiro implicou com ele por ter usado uma saída social do condomínio
O porteiro Jorge José de Souza, de 58 anos, morreu cinco dias após brigar com um motoboy no condomínio Torre Ernest Hemingway, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Jorge faleceu na noite de sábado (3).
A princípio, o motoboy Marcus Vinícius Gomes Corrêa, de 31 anos, relatou que havia sofrido agressões de Jorge e outros porteiros do local por usar a saída social do condomínio. O entregador gravou vídeos que viralizaram nas redes sociais. A família de Jorge rebateu as acusações de agressão e afirmou que o porteiro foi atingido pelo motoboy sete vezes com uma barra de ferro.
Diante de tantas dúvidas, o caso ganhou repercussão e uma investigação foi aberta para apurar as diferentes versões dos relatos da confusão. O motoboy segue em liberdade, enquanto a polícia investiga o caso.
“O inquérito policial está em andamento. A unidade aguarda o laudo da necropsia do Instituto Médico Legal (IML). Testemunhas estão sendo ouvidas e as investigações continuam”, informou a Polícia Civil do Rio.
Novas imagens revelaram que o motoboy e o porteiro trocaram agressões. Após ser chutado pelo entregador, o porteiro vai até a guarita e pega uma barra de ferro. Ele tenta acertar golpes no motoboy, mas Marcus Vinícius consegue pegar o ferro da mão de Jorge e o atinge repetidas vezes na cabeça.
O entregador disse que está em choque com a morte do porteiro. “Estou péssimo, muito mal. Completamente arrasado, em choque. Eu não durmo direito, vivendo à base de remédios para dormir. Eu não queria que nada disso tivesse acontecido. Eu sinto muito. Choro o dia todo, meu mundo desabou”, disse ele.
Jorge teve traumatismo craniano e seu estado de saúde era considerado gravíssimo. O porteiro foi submetido a uma intervenção para descompressão da calota craniana frontal. O paciente precisou também de traqueostomia.
“A família está em luto e agradece a todos pelas orações”, disse o advogado da família, Bruno Castro.
A briga entre o motoboy e o porteiro começou após Marcus Vinícius tentar deixar o condomínio pela portaria social do edifício e não a de serviço. Marcus Vinícius contou que foi abordado de forma ríspida e foi humilhado pelo porteiro que tentou impedir a saída dele — o que deu início à discussão.
O motoboy admitiu que forçou a passagem e que ao ser cercado pelo porteiro desferiu dois chutes contra ele. Depois, na área externa, o porteiro pegou um guidão de bicicleta em uma guarita e agrediu o entregador que também revidou o ataque. As agressões só pararam após o porteiro cair no chão. O motoboy foi imobilizado por outros funcionários.
A família do porteiro agredido disse que José trabalhava há 19 anos no mesmo prédio e era um funcionário querido.
“De uma índole diferenciada, foi promovido, não tem histórico de desentendimento com entregador, o condomínio recebe vários entregadores diariamente”, disse um familiar.