Redação Pragmatismo
Barbárie 09/Abr/2021 às 12:10 COMENTÁRIOS
Barbárie

Selfie na delegacia: comportamento de Monique chamou atenção dos investigadores

Publicado em 09 Abr, 2021 às 12h10

Desde que conheceu Jairinho, a professora Monique mudou de vida radicalmente. Deixou o endereço simples em Bangu para o condomínio de luxo na Barra. Ela ganhou um cargo no Tribunal de Contas do Rio com um salário de R$ 16,5 mil

Ao longo da investigação da morte do menino Henry Borel, policiais passaram a desconfiar do comportamento de Monique Medeiros Costa e Silva de Almeida, de 32 anos, mãe da criança.

As semanas após a morte do menino revelaram um lado frio de Monique. Logo após o enterro de Henry, por exemplo, ela foi a um salão de beleza no shopping Metropolitano, na Barra da Tijuca, próximo de onde mora, fez as unhas das mãos e dos pés e escovou os cabelos. O gasto foi de R$ 240.

No dia do seu depoimento, fez uma selfie (imagem abaixo) em que aparece relaxada, com os pés sobre uma cadeira, e em que parece esboçar um sorriso ao lado de um homem. A imagem foi resgatada do celular de Monique, que está em poder da polícia.

A mesma frieza voltou a se manifestar nesta quinta-feira (8), quando Monique foi presa ao lado de Jairinho. Segundo apuração da revista Época, desde o momento em que foi presa até o trajeto para a 16ª DP, na Barra da Tijuca, ela não chorou e sempre manteve a cabeça erguida.

A origem

Filha mais velha de um casal de professora e funcionário civil da Aeronáutica, Monique Medeiros da Costa e Silva nasceu e cresceu no apartamento dos pais e na casa da avó materna, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, região onde cursou colégios particulares durante a infância e a adolescência. Aprovada no vestibular de Letras (Português/Literatura) da UFRJ, passou a pegar carona com amigos diariamente até a Ilha do Fundão, trajeto que fez por dois anos e meio.

Nesse período, ao participar de um jantar em celebração ao aniversário de uma amiga, na Pizzaria Faenza, na Barra da Tijuca, conheceu o engenheiro Leniel Borel de Almeida. Os dois trocaram telefones, começaram a namorar e, logo depois, ela foi morar na cobertura dele, na Estrada do Pontal, no Recreio dos Bandeirantes. O rapaz passou então a pagar a mensalidade de uma faculdade particular em um shopping para a moça, onde ela terminou a graduação.

Em 2011, Monique foi aprovada em um concurso público da Secretaria municipal de Educação e passou a dar aulas para turmas de Ensino Infantil da Escola Ariena Vianna da Silva, em Senador Camará, onde, sete anos depois, ascendeu a diretora. Nessa ocasião, Henry, fruto da união com Leniel, tinha 2 anos. E o casamento, abalado pelo trabalho do engenheiro em uma multinacional, em que chegava a ficar três semanas embarcado, já dava sinais de desgaste.

Algum tempo depois, Leniel foi demitido, a situação financeira do casal apertou e Monique voltou para Bangu. No terreno de 360 metros quadrados da avó já falecida, herdado pela mãe, eles derrubaram uma árvore e construíram um espaço para viverem com Henry. O local, que tem um quintal grande com piscina e churrasqueira, era o preferido do menino. Além de jogar futebol, ele gostava de brincar com a cachorrinha da família, Olívia.

Com a recolocação profissional de Leniel, os três acabaram retornando ao Recreio, onde estavam no início da pandemia do coronavírus. O trabalho remoto permitiu a união da família, mas, segundo o engenheiro, o relacionamento não resistiu: “Acabou que passei a fazer 18, 20 reuniões por dia. Quase não nos falávamos e eu só conseguia brincar com o Henry à noite, já cansado. Isso acabou por nos afastar ainda mais. A partir daquele momento, nossa relação desandou de vez e ela pediu a separação logo depois”, contou, em entrevista ao jornal O Globo.

Mudança radical de vida

Em meados do ano passado, Monique pediu o divórcio e, mais uma vez, foi com Henry para Bangu. Em depoimento prestado na 16ª DP (Barra da Tijuca), ela contou ter conhecido o médico e vereador Dr. Jairinho (Solidariedade) durante um almoço profissional no Village Mall, em agosto. Um mês depois, eles começaram a namorar e, em novembro, decidiriam morar juntos.

Desde que conheceu Jairinho, Monique mudou sua vida quase que completamente. Deixou o endereço simples em Bangu, onde vivia com os pais, para o condomínio de luxo na Barra da Tijuca em janeiro deste ano.

Monique pediu exoneração do cargo de diretora de escola e ganhou um cargo no Tribunal de Contas do Município do Rio (TCM), onde passou a atuar no gabinete do conselheiro Luiz Antônio Guaraná. O salário também mudou. Na prefeitura, ela recebia R$ 4.487,27. No TCM, o salário era de R$ 16.500.

Henry então foi matriculado na pré-escola do Colégio Marista São José, a quatro minutos do imóvel, passou a fazer natação e futsal e, em fevereiro, a frequentar o consultório de uma psicóloga. Na delegacia, a profissional diz ter sido procurada por Monique diante da recusa do filho em ficar com ela na Barra. O menino quase sempre vomitava quando tinha que retornar para a casa da mãe e demonstra desejo de morar com o pai ou com a avó.

Monique sabia das agressões

A investigação da polícia revelou que Henry era vítima de agressões de Jairinho, que Monique sabia disso, mas não denunciou nem fez algo para afastar o filho do agressor.

SAIBA MAIS: Babá narrou em tempo real à Monique sessão de tortura praticada por Jairinho

Monique e Jairinho coagiram testemunhas e atrapalharam as investigações. No momento em que foram presos nesta quinta-feira (8), eles tentaram destruir os celulares que estavam usando. A polícia conseguiu recuperar os aparelhos.

Monique está presa no Instituto Penal Ismael Sirieiro, em Niterói, na Região Metropolitana, e o vereador foi encaminhado para o presídio Pedrolino Werling de Oliveira, no Complexo de Gericinó, em Bangu.

monique selfie delegacia
Monique Medeiros em selfie tirada na delegacia em dia de depoimento. Foto foi achada pela polícia no celular dela

Recomendações

COMENTÁRIOS