Selfie na delegacia: comportamento de Monique chamou atenção dos investigadores
Desde que conheceu Jairinho, a professora Monique mudou de vida radicalmente. Deixou o endereço simples em Bangu para o condomínio de luxo na Barra. Ela ganhou um cargo no Tribunal de Contas do Rio com um salário de R$ 16,5 mil
Ao longo da investigação da morte do menino Henry Borel, policiais passaram a desconfiar do comportamento de Monique Medeiros Costa e Silva de Almeida, de 32 anos, mãe da criança.
As semanas após a morte do menino revelaram um lado frio de Monique. Logo após o enterro de Henry, por exemplo, ela foi a um salão de beleza no shopping Metropolitano, na Barra da Tijuca, próximo de onde mora, fez as unhas das mãos e dos pés e escovou os cabelos. O gasto foi de R$ 240.
No dia do seu depoimento, fez uma selfie (imagem abaixo) em que aparece relaxada, com os pés sobre uma cadeira, e em que parece esboçar um sorriso ao lado de um homem. A imagem foi resgatada do celular de Monique, que está em poder da polícia.
A mesma frieza voltou a se manifestar nesta quinta-feira (8), quando Monique foi presa ao lado de Jairinho. Segundo apuração da revista Época, desde o momento em que foi presa até o trajeto para a 16ª DP, na Barra da Tijuca, ela não chorou e sempre manteve a cabeça erguida.
A origem
Filha mais velha de um casal de professora e funcionário civil da Aeronáutica, Monique Medeiros da Costa e Silva nasceu e cresceu no apartamento dos pais e na casa da avó materna, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, região onde cursou colégios particulares durante a infância e a adolescência. Aprovada no vestibular de Letras (Português/Literatura) da UFRJ, passou a pegar carona com amigos diariamente até a Ilha do Fundão, trajeto que fez por dois anos e meio.
Nesse período, ao participar de um jantar em celebração ao aniversário de uma amiga, na Pizzaria Faenza, na Barra da Tijuca, conheceu o engenheiro Leniel Borel de Almeida. Os dois trocaram telefones, começaram a namorar e, logo depois, ela foi morar na cobertura dele, na Estrada do Pontal, no Recreio dos Bandeirantes. O rapaz passou então a pagar a mensalidade de uma faculdade particular em um shopping para a moça, onde ela terminou a graduação.
Em 2011, Monique foi aprovada em um concurso público da Secretaria municipal de Educação e passou a dar aulas para turmas de Ensino Infantil da Escola Ariena Vianna da Silva, em Senador Camará, onde, sete anos depois, ascendeu a diretora. Nessa ocasião, Henry, fruto da união com Leniel, tinha 2 anos. E o casamento, abalado pelo trabalho do engenheiro em uma multinacional, em que chegava a ficar três semanas embarcado, já dava sinais de desgaste.
Algum tempo depois, Leniel foi demitido, a situação financeira do casal apertou e Monique voltou para Bangu. No terreno de 360 metros quadrados da avó já falecida, herdado pela mãe, eles derrubaram uma árvore e construíram um espaço para viverem com Henry. O local, que tem um quintal grande com piscina e churrasqueira, era o preferido do menino. Além de jogar futebol, ele gostava de brincar com a cachorrinha da família, Olívia.
Com a recolocação profissional de Leniel, os três acabaram retornando ao Recreio, onde estavam no início da pandemia do coronavírus. O trabalho remoto permitiu a união da família, mas, segundo o engenheiro, o relacionamento não resistiu: “Acabou que passei a fazer 18, 20 reuniões por dia. Quase não nos falávamos e eu só conseguia brincar com o Henry à noite, já cansado. Isso acabou por nos afastar ainda mais. A partir daquele momento, nossa relação desandou de vez e ela pediu a separação logo depois”, contou, em entrevista ao jornal O Globo.
Mudança radical de vida
Em meados do ano passado, Monique pediu o divórcio e, mais uma vez, foi com Henry para Bangu. Em depoimento prestado na 16ª DP (Barra da Tijuca), ela contou ter conhecido o médico e vereador Dr. Jairinho (Solidariedade) durante um almoço profissional no Village Mall, em agosto. Um mês depois, eles começaram a namorar e, em novembro, decidiriam morar juntos.
Desde que conheceu Jairinho, Monique mudou sua vida quase que completamente. Deixou o endereço simples em Bangu, onde vivia com os pais, para o condomínio de luxo na Barra da Tijuca em janeiro deste ano.
Monique pediu exoneração do cargo de diretora de escola e ganhou um cargo no Tribunal de Contas do Município do Rio (TCM), onde passou a atuar no gabinete do conselheiro Luiz Antônio Guaraná. O salário também mudou. Na prefeitura, ela recebia R$ 4.487,27. No TCM, o salário era de R$ 16.500.
Henry então foi matriculado na pré-escola do Colégio Marista São José, a quatro minutos do imóvel, passou a fazer natação e futsal e, em fevereiro, a frequentar o consultório de uma psicóloga. Na delegacia, a profissional diz ter sido procurada por Monique diante da recusa do filho em ficar com ela na Barra. O menino quase sempre vomitava quando tinha que retornar para a casa da mãe e demonstra desejo de morar com o pai ou com a avó.
Monique sabia das agressões
A investigação da polícia revelou que Henry era vítima de agressões de Jairinho, que Monique sabia disso, mas não denunciou nem fez algo para afastar o filho do agressor.
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Monique e Jairinho coagiram testemunhas e atrapalharam as investigações. No momento em que foram presos nesta quinta-feira (8), eles tentaram destruir os celulares que estavam usando. A polícia conseguiu recuperar os aparelhos.
Monique está presa no Instituto Penal Ismael Sirieiro, em Niterói, na Região Metropolitana, e o vereador foi encaminhado para o presídio Pedrolino Werling de Oliveira, no Complexo de Gericinó, em Bangu.