Autor de atentado tinha medo de dormir sozinho, sofria bullying e maltratava animais
Autor do atentado em creche dormia na cama dos pais, maltratava animais e sofria bullying na escola, diz familiar. Arma usada no crime tem modelo de espada ninja e foi comprada em grande plataforma do varejo digital na última semana
Autor do atentado em uma creche na cidade de Saudades (SC) na terça-feira (4), Fabiano Kipper Mai foi descrito pela Polícia Civil como “problemático”. O pai do jovem de 18 anos afirmou que o filho sofria bullying na escola e tinha medo de dormir sozinho. Os investigadores também ouviram do pai que Fabiano tinha o hábito de maltratar animais.
“Ele era muito introspectivo, não tinha muitos amigos e os que tinha se afastou nas últimas semanas. Dormia na mesma cama que o pai. O pai falou que ele tinha medo de dormir sozinho, judiava dos bichinhos da casa. Sofreu bullying na escola”, contou o delegado Jerônimo Marçal.
A arma escolhida por Fabiano para cometer os crimes é de um modelo que se assemelha a uma espada ninja. De acordo com um parente do acusado, a faca foi comprada em uma grande plataforma de varejo digital dias antes da ação que causou a morte de três crianças e duas professoras da unidade de educação.
A arma branca, de fabricação nacional em lâmina de aço inoxidável, é inspirada no modelo conhecido como “Red Guardian Ninja Sword”, produzido nos Estados Unidos.
“Ele chegou a mostrar a faca aos seus pais na semana passada. Disse que havia comprado em um site conhecido de compras. E avisou que iria atrás de um suporte de parede para deixar a faca como objeto de decoração. Falou que era uma faca decorativa”, disse João Erotildes dos Reis, casado com uma tia de Fabiano.
A mãe de Fabiano ainda não falou com a imprensa sobre o atentado ou a respeito da personalidade do filho. A mulher disse apenas que seu “coração está sangrando de dor”.
Detalhes do ataque
O ataque ocorreu às 10h30 de terça-feira. Com a arma em punho, Fabiano cruzou o acesso principal do Centro de Educação Infantil Aquarela. Encontrou pelo caminho sua primeira vítima, a professora Keli Aniecevsk, de 30 anos, morta a golpes de faca perto da entrada da unidade.
Depois, matou a professora assistente Mirla Renner, de 20 anos. E então, esfaqueou quatro crianças que estavam em sala de aula. Três morreram: Sarah Luiza Mahle Sehn, de 1 ano e 7 meses, Murilo Massing, de 1 ano e 9 meses, e Anna Bela Fernandes de Barros, de 1 ano e 8 meses. A quarta criança estava internada em estado grave em uma UTI.
As professoras conseguiram trancar as outras crianças — cerca de 20 — e impedir uma tragédia ainda maior. Os gritos de desespero chamaram a atenção de vizinhos e pessoas que trabalhavam nos arredores.
Dois moradores entraram no colégio munidos com pedaços de madeira. Ao perceber a aproximação, o criminoso cortou o próprio pescoço com o facão utilizado para matar suas vítimas. Ele não conseguiu concluir a tentativa de suicídio e ficou estirado no chão.
“Ele estava sangrando bastante, mas permaneceu consciente. Perguntava quantas pessoas tinha matado. E dizia que queria morrer”, diz o soldado Raphael Blazech, do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina, que fez parte do primeiro grupo da corporação a chegar ao Centro de Educação Infantil Aquarela, minutos após o ataque.
Fabiano Kipper Mai permanece internado em estado gravíssimo. Saiba mais sobre o crime:
— “Somos soldados e estamos dispostos a matar e morrer”
— Quem é Fabiano Kipper Mai