Carlos Bolsonaro desafia militares e intervém em compra de aparelho espião
Licitação de R$ 25,4 milhões para a aquisição de uma poderosa ferramenta israelense de espionagem expôs a disputa entre o alto comando militar e Carlos Bolsonaro. O 'Pegasus' já foi usado para espionar celulares e computadores de jornalistas e críticos de governos ao redor do mundo
O vereador pelo Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), está desafiando autoridades do alto comando militar. O 02 quer comprar um aparelho de espionagem, capaz de invadir celulares e computadores de críticos de autoridades. As informações são do portal UOL.
Há um edital de licitação, do Ministério da Justiça, no valor de R$ 25,4 milhões, que acontecerá nesta quarta-feira (19). O objetivo é comprar um aparelho de espionagem chamado Pesagus, desenvolvido pela empresa NSO Group, de Israel.
No entanto, diferentemente de editais parecidos e apesar de se tratar de um aparelho de inteligência, o processo não envolve o Gabinete de Segurança Institucional nem a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) nas tratativas. Na teoria, os órgãos seriam diretamente beneficiados pelo novo aparelho de espionagem.
O Pegasus foi criado para acessar computadores e celular de jornalistas e críticos de governados. Segundo o Uol, Carlos Bolsonaro quer diminuir a atuação dos militares dos órgãos de inteligência. Ao lado do ministro da Justiça, Anderson Torres, o 02 articulou uma forma de deixar o GSI da licitação.
O Gabinete de Segurança Institucional, que está acima da Abin, é chefiado por Augusto Heleno, um militar.
Fontes ouvidas pelo portal explicam que Carlos Bolsonaro quer usar a estrutura do Ministério da Justiça, além da Polícia Federal, para criar uma “Abin paralela”. Procurado pelo Uol, Carlos Bolsonaro não respondeu os questionamentos sobre o assunto.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública, por sua vez, alegou que o processo de licitação tem como objetivo a “aquisição de ferramenta de busca e consulta de dados em fontes abertas para ser usado, pelo ministério e órgãos de segurança pública, nos trabalhos de enfrentamento ao crime organizado”. A pasta ainda negou que a licitação tenha relação com o sistema Pegasus.
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