Tortura

Encapuzados, apoiadores de Bolsonaro pedem “perdão de torturadores”

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Apoiadores do presidente saíram à luz do dia carregando faixa com os dizeres “Deus perdoe os torturadores [...] Nosso Brasil pertence ao Senhor Jesus, com Bolsonaro”

Vestidos
com roupa semelhante à da Ku Klux Klan (Imagem: reprodução)

Victor Dias, DCM

Pessoas encapuzadas usando roupas cobrindo todo o corpo são comuns na cidade de Goiás: isso acontece na Procissão do Fogaréu, evento que ocorre há mais de 250 anos na antiga capital do Estado e é uma das maiores tradições da Semana Santa em todo o Brasil.

Porém, neste sábado (01), dia em que apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) saíram as ruas pelo Brasil inteiro, desobedecendo às recomendações sanitárias e pedindo intervenções antidemocráticas, bolsonaristas resolveram aproveitar a semelhança entre a farda dos farricocos e as vestimentas da Ku Klux Klan, entidade supremacista de extrema-direita dos Estados Unidos, para sair à luz do dia carregando uma faixa com os dizeres “Deus perdoe os torturadores”.

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Em um cartaz menor, afixado na faixa, os dizeres “Nosso Brasil pertence ao Senhor Jesus (…) com Bolsonaro”.

Elas foram estendidas em frente à Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, um marco da religiosidade dos escravos na cidade.

A apologia à tortura fazendo alusão a símbolos religiosos e à tradição de uma cidade histórica causou repercussão e revolta nas redes sociais.

Uma associação da cidade publicou a seguinte nota:

A Associação Cultural Pilão de Prata da cidade de Goiás repudia o ato organizado pelo grupo apoiador de Bolsonaro na manifestação ocorrida na cidade de Goiás em 01 de maio de 2021, que agiu violentamente de forma racista e criminosa criando aspectos de violência simbólica latente inspirados na seita Ku Klux Klan, assassina de povo negro.

Justo em solo sagrado e patrimonial da cultura afro-brasileira da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, erguida às custas do flagelo do povo negro e de seus remanescentes.
Inescrupulosos caminharam pelo território quilombola em afronta à vida destes que carregam consigo o legado de seus antepassados.

Mancharam o simbólico religioso da cidade de Goiás ao vestirem as indumentárias representativas da Procissão do Fogaréu, tão cara para a cultura de nossa cidade.

Em um momento tão crítico com mais de 400.000 (quatrocentos mil) mortos numa pandemia descontrolada profanaram o chão de Oxum, da Rainha Zinga, dos Bantus, das nossas crianças e dos nossos velhos.

Estamos indignados e profundamente violentados diante de tamanho ato irreparável e digno de medidas jurídicas de responsabilização pelos diversos crimes cometidos de apoio à tortura, de racismo.

Goiás é Patrimônio Mundial e isso é um crime contra a humanidade e a vida.

Pilão de Prata é vida do povo negro e jamais se silenciará!

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