Grávida tem bebê prematura e as duas morrem após complicações da Covid-19
Grávida de 30 anos morre após complicações da Covid e é enterrada junto com a filha. A vítima já havia perdido o pai no mês passado para o coronavírus. “A gente só queria ter a nossa filha, cuidar dela, a gente só queria viver. Infelizmente foi tudo interrompido. Eu nem consigo pensar nos meus próximos minutos de vida”, desabafa noivo
Natália Siqueira, de 30 anos, estava internada com Covid-19 e morreu no último dia 15 de maio após ser submetida a uma cesariana de emergência em Marília (SP). Grávida de seis meses, a mulher contraiu a doença com o pai, que faleceu no dia 7 de abril.
“Impossível pensar em planos agora. A gente só queria ter a nossa filha, cuidar dela, reformar nosso apartamento, a gente só queria viver. A gente tinha vontade de fazer viagens, mas infelizmente foi tudo interrompido”, conta Renato Serrano, noivo de Natália.
Renato afirma que Natália não tinha nenhuma comorbidade. O pai dela, por sua vez, fazia tratamento contra um câncer de próstata e de garganta quando contraiu a Covid-19.
Um dia depois do sepultamento do pai, Natália teve uma crise de tosse e foi levada a um Pronto Socorro e liberada após receber oxigênio. “Na sexta, 9 de abril, ela continuou ruim e voltei com ela ao hospital. Ela foi internada no dia 9 de abril e, no dia 11, teve que ser intubada porque estava muito nervosa”, lembra o noivo.
“Foi mais de um mês nessa luta. A gente ficava angustiado, aguardando notícias. Quando vinha notícia boa, dava uma aliviada, mas de repente vinha notícia ruim de novo. Foi uma verdadeira montanha russa”, continua Renato.
Ainda segundo o noivo, depois de um tempo internada, Natália apresentou uma melhora no quadro de saúde, mas contraiu uma bactéria hospitalar e teve uma parada cardiorrespiratória na manhã do dia 15 de maio.
Neste momento, os médicos fizeram o parto da bebê Olívia, que nasceu de seis meses de gestação. No entanto, devido à prematuridade, a criança teve complicações e também morreu.
“Ela nasceu com aproximadamente 640 gramas e a médica informou que o ‘pulmãozinho’ dela não estava 100% formado”, conta Renato.
Como os exames de Natália não deram mais positivo para a Covid-19, foi possível realizar um velório com caixão aberto para ela e a filha, que foram enterradas juntas.
“Eu nem consigo pensar nos meus próximos minutos de vida, porque eu tinha moldado a minha vida para elas duas, e agora eu não sei mais o que fazer. Eu não queria que elas tivessem passado por isso”, desabafa o noivo.
